Agricultura de Baixa Emissão de Carbono: tecnologias disponíveis

Feijão em plantio direto reduz emissão de CO2

Agricultura de Baixa Emissão de Carbono: tecnologias disponíveis

 

Fernando Mendes Lamas (Pesquisador)
Embrapa Agropecuária Oeste

Produzir alimentos, fibras e energia com o mínimo de emissão de carbono, especialmente na forma de gás carbônico (CO2), é o grande desafio para a moderna agricultura. Prática agrícola como o Sistema Plantio Direto é capaz de fixar quantidades significativas de CO2 no agroecossistema, contribuindo assim para a menor emissão desse gás para a atmosfera e, desta forma, mitigar o efeito estufa e o aquecimento global. Os sistemas de manejo do solo e de produção utilizados são fundamentais para a redução da emissão de CO2.

Em trabalhos já desenvolvidos pela Embrapa, fica evidente que, além de ser possível e viável o cultivo do algodoeiro em sistema plantio direto, houve um incremento de 55% do teor de carbono nos primeiros cinco centímetros de profundidade do solo, e em 20% na camada até 40 cm de profundidade. Com isso, em áreas cultivadas com o algodoeiro, menos carbono é emitido para a atmosfera. Além do algodoeiro é possível a utilização de outras culturas, nesta modalidade de cultivo, como soja, milho, feijão, arroz, olerícolas, dentre outras.

No sistema de plantio direto, o solo não é revolvido, é utilizada a rotação de cultura e o solo permanece coberto com palha ou material em crescimento. Nesse modelo de produção, além da redução da emissão de CO2, tem-se significativa redução dos processos erosivos e maior estabilidade da produção. Outra prática que se reveste da maior importância, quando o assunto é redução da emissão de CO2, é a recuperação de pastagens degradadas. Dos quase 200 milhões de hectares cultivados com pastagens no Brasil, estima-se que algo ao redor de 60% apresenta algum grau de degradação, com ocorrência em todos os biomas brasileiros.

Em síntese, sob as condições de pastagem degradada tem-se maior emissão de CO2 e menor produtividade, caracterizando a atividade pecuária como de baixa eficiência e poluidora. Exatamente ao contrário do conceito de intensificação ecológica, em que se produz mais alimento por unidade de área e que, ao mesmo tempo os impactos ambientais são minimizados.