Artigo – Por que investir em touros avaliados geneticamente e qual a importância do exame andrológico e do manejo reprodutivo?

Touros melhoradores, avaliados em programas genéticos de seleção

Artigo – Por que investir em touros avaliados geneticamente e qual a importância do exame andrológico e do manejo reprodutivo?

 

Juliana Corrêa Borges Silva-(Méd.Veterinária- Embrapa Gado de Corte)

O que queremos reproduzir? A escolha dos reprodutores é fundamental para a atividade pecuária, pois é a partir do que é reproduzido que estabeleceremos um processo de melhoramento genético animal em harmonia com o sistema de produção, seja ele qual for.

A pecuária de corte é uma atividade complexa envolvendo muitas variáveis. No Brasil, estima-se que 20% das fêmeas bovinas são inseminadas artificialmente. Isso quer dizer que 80% dos animais nascidos são oriundos de monta natural, ou seja, a seleção genética e o exame andrológico desses reprodutores são plenamente justificados, com forte impacto econômico nos sistemas produtivos.

Então, a pergunta é: o que estamos reproduzindo nesses 80% da população? Que “tipo” de touros temos utilizado? Touros “bonitos”? Bem avaliados “a olho”? Ou touros melhoradores, avaliados em programas genéticos de seleção e que possuem estimativas da Diferença Esperada na Progênie (DEPs)?

Em um mercado cada vez mais competitivo e especializado, somente o aumento da prenhez não traz todos os benefícios, quando comparado ao aumento da prenhez aliado ao aumento da qualidade dos produtos (bezerros (as) mais pesados, por exemplo).

Assim, o objetivo do uso de uma genética melhoradora, por meio de reprodutores superiores, é melhorar características do rebanho com impacto econômico, como o desempenho em ganho de peso, precocidade, habilidade materna, fertilidade etc. Ou seja, o pecuarista busca profissionalizar seu negócio, aumentando a economicidade do sistema.

Do ponto de vista técnico, na aquisição de um reprodutor, fica implícito que a capacidade reprodutiva esteja atestada no exame andrológico. O exame fundamenta-se na avaliação de todos os fatores que contribuem para a função reprodutiva normal do macho e é composto pela medição do perímetro escrotal, exame clínico, inclusive dos órgãos genitais, incluindo as glândulas anexas e avaliações físicas (aspecto, volume, concentração e motilidade espermática) e morfológicas (defeitos das células espermáticas) do sêmen. Ao final do exame, o animal poderá ser classificado como: apto, apto para monta natural, inapto temporário ou inapto.

A categoria apto e apto para monta natural são utilizadas para animais que atingem ou ultrapassam os limites mínimos recomendados para perímetro escrotal, motilidade e morfologia espermáticas e não apresentaram qualquer característica física anormal. Os aptos estão em excelentes condições podendo ter o sêmen processado para criopreservação, por exemplo. Já os aptos para monta natural apresentam um pouco mais de patologia espermática, mas ainda em condições de não comprometer os índices de prenhez. Os inaptos temporários devem aguardar novos exames; e os inaptos ou insatisfatórios são aqueles que não atingem o limite mínimo recomendado em uma ou mais características. Essa avaliação do exame andrológico deve fazer parte da rotina do manejo reprodutivo das propriedades.