Sustentabilidade na agricultura
Fernando Mendes Lamas (Pesquisador)
Embrapa Agropecuária Oeste
A sustentabilidade deve ser vista nas dimensões econômica, social e ambiental. A dimensão econômica, muitas vezes a mais considerada, é fundamental para a efetividade de qualquer atividade. Toda atividade precisa proporcionar o retorno financeiro suficiente para garantir a manutenção dos processos e a adequada rentabilidade econômica para os que estão diretamente envolvidos com a mesma. Por sua vez, a dimensão social está fundamentada na capacidade que uma determinada atividade tem para reduzir as desigualdades e/ou proporcionar equidade social, ou seja, proporcionar condições dignas sob os aspectos de saúde, alimentação, educação, moradia, vestuário e lazer, para todos os envolvidos com a atividade. Por fim, a dimensão ambiental está fundamentada na capacidade que uma atividade tem de tomar medidas preventivas para evitar alterações do ambiente que possam perturbá-lo de tal forma a interferir na vida de plantas e animais.
Mais recentemente, a sustentabilidade passou a considerar um novo componente, que é a governança, tornando-se assim mais abrangente. Desta forma, está sendo frequente o uso do tripé ambiental, social e governança – chamado de ESG, como critério de sustentabilidade. Quando se fala em ESG os aspectos observados são os impactos ambientais e sociais da cadeia de negócios, as emissões de carbono, a gestão dos resíduos e rejeitos oriundos de uma determinada atividade, questões trabalhistas e de inclusão dos trabalhadores e a metodologia de contabilidade, ou seja, as práticas de gestão também são consideradas. Com esse novo conceito, a governança interage de maneira transversal e mais forte com as dimensões social e ambiental.
A questão da sustentabilidade vem ganhando a cada dia mais força quando se refere a produção de alimentos, fibra e energia. Com os novos conceitos, a questão quantitativa deixa de ser a variável mais importante da equação de produção agrícola. Assim, a grandeza de um empreendimento não será mensurada pelo número ou tamanho das máquinas que realizam uma determinada operação no campo, mas sim, acerca de como se dá a produção daquela soja, milho ou algodão, por exemplo. O consumidor de produtos alimentícios que utiliza ovo na sua fabricação, passa a considerar se o ovo foi produzido por galinhas criadas em gaiolas ou soltas.
Num outro viés da produção agrícola, o estoque de carbono no solo será cada vez mais importante quando o assunto for sustentabilidade. Práticas agrícolas que aumentam o estoque de carbono no solo, como sistema plantio direto, deverão ser mais valorizadas pelos compradores dos produtos oriundos da agricultura. O sistema plantio direto, aqui sendo considerado o sistema em que não há o revolvimento do solo, no qual o solo fica permanentemente coberto por palha ou vegetais em crescimento e no qual se pratica efetivamente a rotação de culturas, deve ser adotado por aqueles que querem produzir com sustentabilidade. Produtos oriundos de sistemas menos conservacionistas, especialmente em termos de mitigação de gases de efeito estufa como, por exemplo, o CO2, poderão encontrar dificuldades para serem comercializados.