Com ajuda de amigos, família de Tupã paga R$ 15 mil para sair do litoral norte em helicópteros
Nossa Lucélia
A família da empresária Pamela Garcia Lopes Hanamoto, de Tupã (SP), precisou desembolsar R$ 15 mil para ser resgatada por dois helicópteros, na tarde de terça-feira (21), da região devastada pelas chuvas em São Sebastião (SP), litoral norte do estado.
A família chegou na quinta-feira (16) em um hotel no bairro Camburi, para passar o carnaval no local preferido para as férias. A empresária estava na companhia do marido, da filha de 7 anos, dos pais e da sogra – os três já idosos.
“Tentamos sair da cidade e não conseguíamos, encontramos muitas barreiras, muita lama, muita gente gritando, pessoas que conseguiram salvar seus animaizinhos e mais nada”, relatou a empresária.
Até a manhã de hoje, quinta-feira, foram contabilizadas 49 mortes e quase 60 desaparecidos em meio aos deslizamentos de terra.
Após os estragos, na manhã de domingo (19), de acordo com Pamela, começou a haver um intenso fluxo de helicópteros para retirada de turistas e entrega de mantimentos e outros donativos.
Pousos e decolagens passaram a ser feitos de um campo de futebol próximo ao hotel em que a família estava, segundo o relato dela.
Antes de dar certo a retirada dos moradores do interior de SP, na terça-feira, surgiram propostas de voos por até R$ 40 mil, segundo Pamela, que foi ficando desesperada diante da sensação de impotência.
O hotel em que eles estavam, um dos poucos lugares com eletricidade e internet devido a um gerador de energia, já estava sem água. Além disso, o pai dela está com mobilidade reduzida devido a uma fratura no joelho, ocorrida antes da viagem.
Um preço menor foi negociado pelo voo e a família precisou da ajuda de amigos para conseguir fazer o pagamento à vista, via pix, ainda na noite de segunda-feira (20), mas os momentos de apreensão não terminaram com a possibilidade de voltar para casa.
O carro, como a maioria dos pertences da família, precisou ser deixado para trás e Pamela ainda não sabe como vai buscar o veículo.
Após embarcar os pais e a sogra, por volta das 16h de terça-feira, Pamela ainda precisou esperar cerca de 25 minutos até a chegada de uma segunda aeronave.
“Começou a cair uma chuva, um temporal muito feio e, em 10 minutos, as ruas já estavam totalmente alagadas e o desespero foi tomando conta. Aqueles helicópteros, quatro cinco no ar e três no chão, saía um, outro pousava”, descreveu a empresária.
Para ela, as imagens do desastre do ponto de vista aéreo são piores ainda do que ao nível do solo, onde parecia uma “cena de guerra mesmo, muito feia, as pessoas chorando muito, querendo sair dali e não conseguiam”.
Mesmo com a tempestade, o helicóptero em que Pamela estava com a filha e o marido levantou voo.
“A aeronave começou a rodar, rodar, rodar e eu percebi que algo estava errado. Estávamos sobre o mar, não avistava cidade nenhuma. E não podia fazer nada porque minha filha estava apavorada”, contou.
De acordo com a moradora de Tupã, o voo para São Paulo que deveria levar cerca de meia hora já levava três horas quando foi necessário um pouso de emergência. “O piloto teve que pedir o auxílio de uma escola de aviação no meio do trajeto e pousamos no hangar deles.”
Após uma hora e meia de espera, o tempo melhorou e Pamela pôde seguir a viagem de mais 15 minutos até o heliporto no Campo de Marte, em São Paulo.
Os moradores de Tupã voltaram para casa na madrugada desta quarta-feira (22) após pegar carona com amigos que os aguardavam em São Paulo. (fonte: g1- Bauru-Marília)