Doença azul, a mais grave virose do algodoeiro no Brasil

Algodoeiro com sintomas da doença azul

Doença azul, a mais grave virose do algodoeiro no Brasil

 

Alderi Emídio de Araújo, pesquisador da Embrapa Algodão

Atualmente conhecido como “doença azul” o mosaico das nervuras forma Ribeirão Bonito foi assim chamado por se referir à ocorrência de uma suposta estirpe mais agressiva do vírus do mosaico das nervuras, observada por Costa e Carvalho (1962), afetando plantios de algodão no município de Ribeirão Bonito, no estado de São Paulo.

A dúvida persistiu por longo período e, mesmo assim, foram conduzidos programas de melhoramento para resistência à doença e estratégias de controle da virose foram estabelecidas. Portanto, a mais importante virose do algodoeiro no Brasil é a doença azul, causada pelo vírus CLRDV.

A doença se caracteriza por causar o encurtamento dos entrenós, mosaico ou palidez ao longo das nervuras, melhor visualizado pela observação das folhas contra a luz, e o restante da folha aparenta uma coloração verde azulada ou mesmo arroxeada. Rugosidade e intensa curvatura do limbo a partir das bordas são também verificadas. É comum nos casos mais severos que haja um vermelhão no limbo alcançando nervuras e pecíolo, o encurtamento dos entrenós causa enfezamento da planta, cujo crescimento cessa. A produção é completamente comprometida.

O vírus da doença azul é transmitido pelo pulgão (Aphis gossypii) e plantas expostas à alimentação por esses insetos infectados podem desenvolver sintomas em torno de 18 dias após o contato com o vetor.

O controle da doença azul no algodoeiro se baseia em dois princípios: o uso de cultivares resistentes e o controle químico do vetor, no caso o pulgão Aphis gossypii. Em cultivares resistentes tanto à doença azul quanto à virose atípica, os níveis de pulgão podem atingir até 60% das plantas com colônias para que sejam iniciadas as aplicações de inseticidas para o controle.

Em cultivares com resistência intermediária, os níveis de infestação de pulgões não devem ultrapassar 40% das plantas com colônias).

No caso do plantio de cultivares suscetíveis, o nível de controle é estabelecido a partir de um a dez pulgões por folha ou de 5% a 10% de plantas com três a cinco pulgões. (Artigo publicado originalmente na revista Cultivar)