Qual a decisão que você tomou para sua recria?
Rodrigo da Costa Gomes- Zootecnista, Pesquisador da Embrapa
Recentemente fui convidado para falar sobre como fazer uma recria lucrativa, no contexto de recria e engorda de gado de corte. Particularmente, em numa das reflexões sobre o assunto, me assustei ao lembrar como falta atenção dos produtores à fase de recria e como tal comportamento é determinante para os resultados da propriedade.
Em “andanças” por aí, frequentemente encontramos situações ilustrativas do que estou falando. Pasto bom e ração para a boiada que está “saindo”, pasto ruim e o “sal mais barato que tem” para a bezerrada que está chegando”. Bezerrada de compra chegando pesada na fazenda e maio e a mesma bezerrada mais leve depois de passar a seca. É acreditar que na seca pouco precisa ser feito, pois quando vier a chuva, tudo vai se resolver.
As pesquisas realizadas há anos pela Embrapa já mostravam o perigo destas crenças e comportamentos. Idades de abate elevadas por uma recria longa, baixa produção de arrobas por hectare pela categoria que poderia ser a mais eficiente da fazenda, susceptibilidade às flutuações do custo da reposição e a seu ágio. Somados a outros não mencionados, estes fatores resultam em margens econômicas baixas ou negativas e um distanciamento dos modelos de abate mais precoce (exemplos: Embrapa +Precoce e Boi 7-7-7), que consideramos ser o caminho para melhor competitividade e sustentabilidade.
É até verdade que no período das águas muito se melhora. A Embrapa lançou a cultivar BRS Zuri para sistemas mais intensivos de pastejo, com entregas potenciais de até 17 arrobas por hectare nas águas. Em pesquisas para a suplementação mineral, encontramos aumentos de até 80 g por cabeça por dia com o uso de determinado aditivo e uma economia de aproximadamente 15% na suplementação mineral com o uso de tecnologia que diminui desperdícios. Tudo isso mostra que não é difícil alcançarmos alguns dos maiores benefícios da recria benfeita, a produção de arrobas baratas e a melhor preparação do animal para a fase final de engorda.
Neste último ponto está algo que poucos se atentam: a importância de se elevar o peso do animal ao início da engorda final. Obviamente há sempre exceções, porém a engorda no modelo precoce (abate perto de dois anos de idade) tem elevado o teor energético da dieta, muitas vezes pelo uso de semiconfinamento e confinamento. Isso certamente ajuda a aumentar o desempenho da engorda e o acabamento da boiada, porém aumenta os desembolsos e a necessidade de ser eficiente no processo.