A horticultura brasileira precisa de uma revolução branca
Ítalo Moraes Rocha Guedes (Pesquisador da Embrapa Hortaliças)
Historicamente o consumo de hortaliças no Brasil tem permanecido baixo apesar de o país ser internacionalmente reconhecido como uma superpotência agrícola. As razões para esse aparente paradoxo são diversas e de resolução relativamente difícil. Há razões culturais, mas em geral concorda-se que o alto custo das hortaliças é uma das principais causas do baixo consumo. A população brasileira já superou 200 milhões de pessoas e a renda média da população tem aumentado nos últimos anos. Apesar do que se esperava, no entanto, o consumo doméstico médio de hortaliças no país tem, na verdade, decrescido.
O Brasil é o maior país tropical e, como tal, apresenta uma grande variabilidade de climas e solos em seu território. Embora a produção de hortaliças sob ambiente protegido seja praticada desde o Sul subtropical até a região Amazônica quente e úmida, as razões por que se adotam práticas de agricultura protegida podem diferir de acordo com a região. O crescente interesse na produção de hortaliças sob ambiente protegido está associado ao aumento de renda dos consumidores, à urbanização da população brasileira e gradualmente à intensificação da preocupação com o alimento seguro, com o decréscimo no uso de pesticidas químicos e com o aumento na eficiência no uso de água e fertilizantes.
O uso intensivo de insumos e a grande dependência em importações denunciam o lado vulnerável da agricultura brasileira, tornando premente o desenvolvimento de sistemas e práticas que incrementem a eficiência no uso de insumos caso a sustentabilidade da cadeia de valor de hortaliças seja uma prioridade real. O citado aumento na renda média do trabalhador brasileiro, a legislação trabalhista brasileira e a competição com outras atividades econômicas percebidas como menos árduas têm tornado a mão de obra para a agricultura escassa e cara, o que tem criado novos desafios para a produção agrícola. A própria pesquisa científica voltada ao setor tem sido pressionada a prover soluções inovadoras em termos de automação de práticas agrícolas, mecanização para pequenas áreas e principalmente a expansão da área de cultivo protegido de hortaliças.