Novas atitudes no manejo de sistemas de produção agropecuários
Fernando Mendes Lamas (Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste)
Através das pesquisas já realizadas pela Embrapa, por instituições de ensino e outras instituições de pesquisa, não resta mais dúvida que a diversificação é melhor que a especialização dos sistemas de produção agropecuários. Isso é verdade, tanto sob o ponto de vista econômico, quanto ambiental. Durante muito anos, era frequente numa mesma propriedade o cultivo de uma única espécie, na maioria das vezes sem rotação de culturas. Esse modelo, com o tempo, mostrou-se não ser o mais adequado, principalmente por proporcionar rentabilidade abaixo daquela considerada como mínima, em função das baixas produtividades e do constante aumento do custo de produção.
Atualmente, graças aos avanços tecnológicos, está ficando bem frequente, especialmente na região central do Brasil, numa mesma unidade de produção, o cultivo de diferentes espécies vegetais em um mesmo período agrícola, seja na primavera – verão ou no outono-inverno. Assim, é possível encontrar propriedades onde se tem o cultivo de soja, de milho, de algodão e de pastagem no período primavera-verão. É perceptível a tendência de diversificação e intensificação dos modelos de produção. Por meio da diversificação do sistema de produção e da integração de atividades, tem-se a maximização do uso do solo e dos diferentes fatores de produção, viabilizando também a diversificação das fontes de renda. Quando se lida com sistemas de produção e não com a ótica tradicionalista de olhar para o cultivo, mudam-se as práticas de manejo de adubação, de plantas daninhas, de pragas e de doenças. Em sistemas diversificados não se têm pragas da soja, por exemplo, e sim pragas do sistema. Quando numa mesma unidade de produção tem-se o cultivo de mais de uma espécie vegetal, é necessário que se tenha uma visão do sistema que seja sensível a interrelação que existe entre cada espécie, mesmo quando cultivadas de forma isolada.
A pesquisa agropecuária evidenciou que, fazendo-se o cultivo de diferentes espécies em consórcio, verifica-se no solo alterações de ordem biológica, diferentes e melhores do que aquelas verificadas quando cada espécie é cultivada de forma isolada. O cultivo de milho consorciado com braquiária é um exemplo de intensificação dos sistemas de produção (https://bit.ly/3qAik40)