Pesquisa aponta ações para reduzir efeitos do calor nas plantas
O excesso de calor registrado nos últimos meses provoca fortes impactos sobre as plantas, e somente aumentar o fornecimento de água alivia, mas não resolve o problema. Isso é o que explicam três cientistas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) habituados a analisar o comportamento de espécies vegetais em uma das áreas mais quentes do País, o Semiárido, em sua maior parte localizada no interior da Região Nordeste.
Os pesquisadores Magna Moura, Saulo Aidar e Agnaldo Rodrigues, da Embrapa Semiárido (PE), esclarecem que os impactos dependem de vários fatores, entre eles a fase fenológica em que a planta se encontra.
Em fruteiras, por exemplo, pode causar o abortamento dos botões florais – que dariam origem aos frutos – ou queimar aqueles que já se encontram em fase de amadurecimento – processo conhecido como escaldadura. Também pode reduzir as trocas gasosas e afetar a produtividade das culturas.
Experimentos mostraram que telas de sombreamento protegendo as culturas têm ajudado a mitigar os efeitos do calor. Estudo realizado com o cultivo de macieiras comprovou que o uso dessa estrutura para sombreamento no pomar resultou em maior desempenho fotossintético comparado ao ambiente a pleno sol.
“Esse resultado mostra que, em determinadas épocas do ano, a radiação solar na região é naturalmente excessiva para a fotossíntese de algumas culturas agrícolas, e pode impactar o desempenho fisiológico não somente pela quantidade de energia luminosa, mas também devido ao aquecimento excessivo do ambiente nos horários próximos do meio-dia”, ressalta Moura.
Estudo com o meloeiro amarelo híbrido, cultivado com irrigação e sob sol pleno, mostrou que as trocas gasosas nas folhas diminuíram progressivamente ao longo da manhã. Nesta condição, a fotossíntese alcançou os menores valores após as 13 horas, quando a temperatura da folha apresentava os maiores valores registrados (em torno de 36,7 ºC).