PM condenado por matar homem por dívida de cocaína revela nomes de quatro suspeitos de facilitar entrada de celulares e drogas em presídio
O policial militar de 21 anos, condenado a 29 anos de prisão por matar um homem em Cedral (SP) por uma dívida de R$ 300 em cocaína, revelou os nomes de quatro suspeitos de envolvimento em um esquema de corrupção dentro do presídio Romão Gomes, na Zona Norte, em São Paulo, que foram presos após uma operação da Corregedoria nesta terça-feira (11).
(Correção: o g1 errou ao informar que o policial militar foi preso nesta quinta-feira (12). Conforme apurado pela reportagem, ele já estava preso e, após ser flagrado com um celular dentro da cela, revelou os nomes de quatro suspeitos de facilitar a entrada de celulares e drogas no presídio. A informação foi corrigida às 20h.)
Segundo apurado pelo g1, Eduardo José de Andrade e outros quatro policiais são acusados de cobrar propina para permitir a entrada de celulares, drogas e anabolizantes na unidade, que abriga policiais que aguardam julgamento ou já foram condenados pela Justiça.
Os quatro presos trabalhavam dentro do próprio presídio Romão Gomes. Parentes deles e de alguns detentos também estão sendo investigados por participação no esquema.
Segundo a investigação, o caso começou a ser apurado em fevereiro de 2024 após a descoberta de um celular e um carregador escondidos na cela do soldado Eduardo.
Condenado a prisão pelo assassinato de João Gonsalves Filho, de 39 anos, com um tiro na cabeça, Eduardo decidiu colaborar com as investigações e revelou como funcionava a rede de corrupção e quem eram os outros suspeitos. Com a sentença, a Justiça determinou a perda do cargo de policial militar e, consequentemente, da função pública do homem.
De acordo com o depoimento, dois sargentos responsáveis pela guarda da unidade permitiam a entrada dos itens ilegais. A esposa de um dos presos teria o papel de levar os celulares até as celas nos dias de visita.
Em fevereiro deste ano, uma nova apreensão de celulares reforçou a suspeita de um esquema estruturado. Cinco aparelhos foram encontrados com um cabo que exercia a função de carcereiro no presídio.
Para a Corregedoria, o novo flagrante confirmou que o caso de 2024 não era isolado, reforçando a suspeita do envolvimento de mais PMs no esquema.
A Justiça Militar decretou a prisão preventiva dos quatro policiais militares. Eles são investigados por crimes como corrupção, tráfico de drogas e associação criminosa. Agora, permanecem presos na mesma unidade onde teriam cometido os crimes.
Quebra de sigilo telefônico
A quebra de sigilo telefônico de Eduardo Andrade revelou ainda conversas com dois traficantes de drogas, que são suspeitos de fornecer entorpecentes revendidos no presídio.
Segundo a investigação, a irmã de Andrade recebia a droga, e a mulher dele levava o carregamento até a unidade.
A Corregedoria também encontrou transferências bancárias entre essa irmã e a mulher de Andrade e os soldados Felipe Oliveira Mazola e Felipe Moreira da Silva, que também trabalhavam no Romão Gomes.
Além dos dois soldados, outros dois PMs são investigados por participação no esquema: o cabo Nilson Moreira da Silva, suspeito de fornecer anabolizantes a presos, e o soldado Moreno Maximiliano Rocha, investigado por receber dinheiro de detentos e de familiares.
A reportagem tenta contato com a defesa dos envolvidos.