A população brasileira consumiu, em 2009, quase 2 toneladas de sibutramina – medicamento anorexígeno que atua como inibidor de apetite. Os dados foram apresentados hoje (30) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), durante a divulgação do primeiro relatório do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).
A sibutramina foi proibida em países da Comunidade Europeia e teve sua restrição ampliada nos Estados Unidos. No Brasil, o medicamento só pode ser vendido com a apresentação de receituário especial, de cor azul, de acordo com norma publicada hoje (30) no Diário Oficial da União.
O relatório da Anvisa inclui o consumo de mais três psicotrópicos anorexígenos – a anfepramona, o femproporex e o mazindol. De acordo com os dados, foram consumidos 1,9 tonelada de sibutramina no ano passado. No mesmo período, o consumo de femproporex chegou a 1 tonelada, o de anfepramona, a 3 toneladas, e o de mazindol, a 2,3 quilos.
A agência reguladora monitorou ainda o uso do cloridrato de fluoxetina e do cloridrato de metilfenidato, que são, respectivamente, um antidepressivo e um estimulante do sistema nervoso central utilizado para combater o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade. No ano passado, 3,5 toneladas do antidepressivo e quase 175 quilos do estimulante foram consumidos.
Segundo a Anvisa, a fluoxetina apresenta indícios de abuso e desvio de uso para outras finalidades. Já o metilfenidato é foco de estudos e questionamentos sobre a utilização em massa e efeitos secundários. Esse medicamento vem sendo usado para emagrecer, por exemplo, por empresários e estudantes.
O relatório aponta que, entre os dez maiores prescritores de sibutramina no país, há um médico especialista em medicina de tráfego (que trata da mobilidade humana). No caso da anfepramona, entre os dez maiores prescritores há um ginecologista e um gastroenterologista. Entre os dez maiores prescritores de femproporex, há um dermatologista e entre os dez maiores prescritores de mazindol, há um pediatra.
O consumo indevido de medicamentos em geral – sobretudo de psicotrópicos – é considerado pela Anvisa um problema de saúde pública. Em 2006, a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes da Organização das Nações Unidas (ONU) indicou o Brasil como maior consumidor mundial de anfetaminas com finalidade emagrecedora, com um total de 9,1 doses diárias para cada mil habitantes.