Estima-se que no Brasil cerca de 90 mil grávidas desenvolvem este tipo de diabetes. Risco de desenvolver a doença novamente aumenta 41% após a primeira gestação e 57% após a segunda. Estudo avaliou 80 mil mulheres entre 1991 e 2008.

Estudo realizado por cientistas do Kaiser Permanente Southern Califórnia Medical Group, nos EUA, revelou que mulheres que desenvolveram diabetes gestacional têm mais chances de ter a doença em uma futura gravidez.

De acordo com o estudo, que avaliou quase 80 mil mulheres entre 1991 e 2008, o risco cresce de acordo com o número de vezes que a mulher desenvolveu o problema, aumentando 41% após a primeira gestação com diabetes e 57% após a segunda. “Durante a gestação o corpo da mulher passa por diversas mudanças físicas e hormonais, podendo assim alterar a sensibilidade à insulina no corpo e conseqüentemente desenvolver o diabetes gestacional”, destaca o Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, SBCBM, Dr. Thomas Szego.

O diabetes gestacional costuma aparecer a partir do segundo trimestre da gestação. Se não detectada e controlada corretamente, a doença pode afetara saúde da mãe e do filho que está sendo gerado, causando até mesmo a morte do feto. No Brasil estima-se que cerca de 90 mil grávidas desenvolvem este tipo de diabetes. “É preciso um acompanhamento pré-natal para detectar qualquer alteração durante a gravidez. O diabetes aumenta a pressão arterial da mulher, influencia nos riscos de parto prematuro e de complicações após o nascimento da criança, que fica mais propenso a desenvolver doenças crônicas quando virar adulto”, ressalta Dr. Thomas.

Histórico familiar, hipertensão, má alimentação ou gestações anteriores com bebês de mais de quatro quilos são fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Seus sintomas são: sede, urina em excesso, inchaço, vômitos incontroláveis, visão turva, fadiga crônica e infecções na bexiga ou na vagina.

OBESIDADE – A obesidade também é um grande fator de risco para o desenvolvimento da doença no período gestacional. Um novo estudo realizado pela Universidade de Maryland, nos EUA, e publicado na última edição do Journal of American College avaliou a incidência de diabetes gestacional em pacientes que, antes de engravidar, foram submetidas à cirurgia bariátrica.

A equipe de pesquisadores realizou um estudo retrospectivo comparando as taxas de diabetes gestacional e resultados relacionados entre um grupo de mulheres com parto antes da cirurgia bariátrica e outro com o parto realizado após a cirurgia bariátrica. Os pesquisadores usaram um banco de dados com informações sobre 23.594 mulheres que realizaram a cirurgia bariátrica entre 2002 e 2006.

As mulheres que engravidaram após a cirurgia bariátrica tiveram menor incidência de diabetes gestacional, comparada ao outro grupo. Os pesquisadores também revelaram uma redução no número de cesarianas no grupo que foi submetido a cirurgia bariátrica.

Os bons resultados da cirurgia para o controle do diabetes tipo 2 devem-se, basicamente, a dois fatores: a perda de peso do paciente e principalmente a alteração hormonal. A cirurgia pode ser indicada no tratamento de pacientes diabéticos tipo 2, com IMC (Índice de Massa Corpórea – peso dividido pela altura ao quadrado ) acima de 35.

Três tipos de cirurgia bariátrica se mostram eficientes no controle do diabetes: o by-pass gastrojejunal e as derivações bilio-pancreáticas (scopinaro e “duodenal switch”). As três técnicas criam um atalho para o alimento, que é desviado do duodeno e chega antes à parte final do intestino. “Esse desvio altera a secreção de alguns hormônios intestinais, como o GLP-1, cujo aumento estimula a produção de insulina, resultando na melhora ou até mesmo no controle do diabetes tipo 2”, explica dr. Thomas.