O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, disse hoje (14), em São Paulo, que a falta de medicamentos antirretrovirais distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) comprometeu a bem-sucedida campanha nacional de luta contra a aids.
Durante um encontro com representantes de organizações não governamentais (ONGs) que atuam na prevenção da doença e no apoio às pessoas infectadas pelo vírus HIV, Serra afirmou que o país precisa retomar uma política de distribuição pública dos remédios necessários ao tratamento da aids.
O candidato ainda destacou a necessidade de o governo estimular o aumento da produção nacional de medicamentos como forma de barateá-los e garantir o abastecimento. Para Serra, o governo federal deve, inclusive, quando necessário, recorrer à quebra de patentes sempre que um laboratório produtor se negar a reduzir o preço de remédios considerados vitais ao tratamento de doenças dispendiosas.
De acordo com o tucano, ex-ministro da Saúde e do Planejamento do governo FHC, a simples ameaça aos laboratórios, às vezes, é suficiente para permitir a negociação e a redução dos preços. “Há vários medicamentos muito importantes para a saúde e cuja distribuição pelo SUS é dificultada pelos preços elevados. Temos que olhar isto, fazer um estudo criterioso e, sem dúvida nenhuma, quebrar as patentes nos casos em que isso se justificar”, disse o candidato a jornalistas que acompanhavam o encontro.
Na reunião com os representantes das organizações que integram o Fórum das ONGs-Aids do Estado de São Paulo, Serra assinou documento se comprometendo a implementar várias ações que visam a melhorar as condições das pessoas que vivem com o HIV. Segundo o presidente do fórum, Rodrigo de Souza Pinheiro, o documento também será apresentado à candidata do PT, Dilma Rousseff, para que ela assuma os mesmos compromissos.
A carta prevê a adoção de políticas e ações capazes de diminuir o número de mortos pela doença e a redução do alto índice de diagnósticos tardios; a ampliação significativa da distribuição de preservativos masculinos e femininos e a execução de planos já lançados pelo governo federal para combater a epidemia entre as parcelas mais vulneráveis da população, caso de mulheres e homossexuais.
Perguntado se algumas das sugestões não poderiam ser alvo de críticas de setores religiosos, Serra lembrou que, já na época em que foi ministro da Saúde, criou uma política de distribuição de preservativos contra a qual, segundo ele, a igreja nunca teria colocado obstáculos.