Depois da dor nas costas, a dor no pescoço é a campeã de afastamentos e licenças médicas. Na opinião do médico ortopedista Gilberto Anauate, do Hospital Santa Paula (SP), o problema não tem como causa apenas a má postura. Pode ter um forte componente emocional também.
“Ao contrário do que muitos imaginam a cervicalgia – dor no pescoço – não pode ser associada única e exclusivamente a um problema postural. Por apresentar grande mobilidade em relação ao restante da coluna, a região cervical está mais sujeita a dores e contraturas musculares devido à friagem e, principalmente, episódios de alta tensão psicológica”, diz Anauate.
Para o ortopedista, o estresse é o grande vilão da cervicalgia em grande parte dos casos. “Os músculos localizados atrás do pescoço têm de estar sempre tensos para suportar a parte de cima do corpo. Mas, quando eles trabalham além da conta, sofrendo contrações constantes de fundo nervoso, a dor é inevitável. Essa dor pode, inclusive, ser irradiada para os ombros ou ainda resultar em dor de cabeça”.
Depois de um diagnóstico preciso, em que se detecta a origem da dor, Anauate orienta o paciente a buscar ajuda especializada. “Constantemente surgem recursos terapêuticos que podem amenizar o problema. O paciente poderá ser orientado tanto a fazer um tratamento à base de antiinflamatórios e relaxantes musculares, até a buscar terapias complementares, como a acupuntura. O ideal é que seja feita uma investigação personalizada”.
Gilberto Anauate faz um último alerta: “Ninguém deve se acostumar com a dor. Se o mal-estar começar a incomodar os braços, ou se o paciente começar a sentir ‘pinçadas’ no pescoço, é necessário realizar uma investigação diagnóstica mais detalhada”.
Dicas para driblar a dor no pescoço: evite tomar friagem e esteja sempre bem agasalhado; quem trabalha o dia inteiro diante do computador deve fazer pausas para movimentar ombros e pescoço lentamente, por alguns minutos, a cada duas horas. Esse hábito costuma aliviar a tensão acumulada ao longo do dia; quem se desloca de carro o dia inteiro a trabalho deve usar um encosto de cabeça devidamente ajustado ao corpo, mantendo as mãos firmes no volante e os braços esticados; massagens suaves com óleos aromáticos ou antiinflamatórios em gel ou creme também contribuem para aliviar a dor; ao arrumar a casa, acostume-se a usar mais a força das pernas para se abaixar ou se levantar; busque atividades de relaxamento para a mente e o corpo.
Isso inclui terapias alternativas, cursos de artesanato, ou simplesmente se dar ao luxo de descansar mais; escolha um travesseiro nem muito fino, nem muito grosso. O ideal é que ele se encaixe direitinho entre a extremidade do ombro e o início do pescoço.
Fonte: Dr. Gilberto Anauate, médico ortopedista do Hospital Santa Paula. (www.santapaula.com.br)