Duas equipes de pesquisadores divulgaram quase simultaneamente dois avanços promissores na busca de uma vacina contra o mal de Alzheimer, doença neurodegenerativa que vai progressivamente provocando demência em pessoas idosas.
As duas descobertas abrem caminho para futuros tratamentos e vacinas contra a doença, possivelmente nos próximos anos, talvez no máximo uma década, depois de testes em seres humanos. Os dois estudos foram feitos apenas em camundongos.
Uma equipe internacional liderada por Serge Rivest, da Universidade Laval, de Québec, Canadá, usou um composto para estimular as defesas naturais do cérebro contra a proteína tóxica que está associada ao mal de Alzheimer, conhecida como beta-amiloide.
Já a equipe do espanhol Ramón Cacabelos, do Centro de Pesquisa Biomédica EuroEspes, usou uma combinação da própria beta-amiloide com outras substâncias para produzir um protótipo de vacina, conhecida como EB-101.
A equipe internacional, mas principalmente canadense, publicou seus resultados na última edição da revista científica americana “PNAS”; a equipe espanhola publicou seus resultados no ano passado, na revista “International Journal of Alzheimer’s Disease”, mas Cacabelos concedeu somente ontem em Madri uma entrevista coletiva sobre a vacina.
A beta-amiloide provoca a formação das chamadas “placas senis” que caracterizam a doença, afetando células do cérebro e provocando os sintomas que caracterizam a demência.
“A doença de Alzheimer (DA) é a forma mais frequente de demência nos países desenvolvidos, com uma prevalência de cerca de 1% na idade de 65 e mais de 25% em pessoas com mais de 85 anos de idade. Clinicamente, é caracterizada por um processo progressivo de deterioração cognitiva, distúrbios comportamentais e declínio funcional”, lembrou a equipe de Cacabelos no seu artigo científico.
Um composto já largamente testado e usado em vacinas pela empresa farmacêutica GlaxoSmithKline foi usado nos testes com os camundongos geneticamente transformados para apresentarem doença. Vários pesquisadores da empresa participaram da equipe de Rivest. Trata-se do monofosforil lipídio A, conhecido pela sigla em inglês MPL.
O MPL diminuiu a formação de placas senis e melhorou a cognição dos camundongos, medida por testes em labirintos.
Rivest e colegas afirmam que, embora a segurança do tratamento com MPL não tenha sido confirmada em humanos, o composto foi administrado a milhares de pessoas como um adjuvante em diferentes vacinas. “O MPL oferece uma grande promessa como tratamento seguro e eficaz dessa doença”, disseram.