O Ministério da Saúde informou na manhã desta terça-feira (19), em Brasília, que 157 municípios brasileiros estão em situação de risco de sofrer uma epidemia de dengue neste verão, enquanto outros 525 se encontram em situação de alerta. Os dados são do Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (Liraa), que mediu o índice de infestação pelo mosquito em 1.315 cidades entre 1º outubro e 8 de novembro.
As cidades em situação de risco ou alerta representam 52% das que participaram do levantamento. A região Nordeste é a que concentra a maior parte dos municípios em situação de risco.
Segundo Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em Saúde do ministério, foram encontradas larvas do mosquito em duas a cada 100 casas pesquisadas para o levantamento. A maioria em depósitos domiciliares: água parada em pratos de plantas, caixas de água abertas, por exemplo.
O levantamento também revelou que três capitais estão em situação de risco: Cuiabá, Rio Branco e Porto Velho. Outras 11 – Boa Vista, Manaus, Palmas, Salvador, Fortaleza, São Luís, Aracaju, Goiânia, Campo Grande; Rio de Janeiro e Vitória – apresentaram situação de alerta e seis estão com índices satisfatórios (Macapá; João Pessoa; Teresina; Belo Horizonte; Curitiba e Porto Alegre). Sete capitais – Belém, Maceió, Recife, Natal, São Paulo e Florianópolis – ainda não apresentaram ao Ministério da Saúde os resultados do Liraa.
Casos triplicam
Em 2013, foram notificados 1.476.917 casos suspeitos de dengue. O número é quase três vezes maior que o do mesmo período do ano passado, quando foram registrados 537 mil casos. A Região Sudeste teve o maior número de casos de dengue, sendo responsável por 63,4% deles. Em seguida aparece o Centro-Oeste, com 18,4%.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, creditou o aumento do número de casos a dois fatores: as transições nos governos municipais e a proliferação do vírus tipo 4 da dengue, que aumenta a quantidade de indivíduos suscetíveis. Esse sorotipo afetou bastante a Região Sudeste – em especial Minas Gerais e Rio de Janeiro – além de Goiás, segundo o ministro.
Apesar do aumento, o governo reforçou o fato de que houve diminuição de mortes e casos graves pela doença. “O número de internações teve redução de 30% em relação a 2010”, afirmou Barbosa. “Com melhoria de assistência, país conseguiu evitar 394 mortes por dengue este ano”, informou. Algo que tem a ver muito mais com o preparo de médicos na identificação precoce da doença do que com o combate ao mosquito.
Segundo o ministério, o Brasil apresenta um dos menores índices de mortalidade por dengue nas Américas: 0,03 mortes para cada 100 notificações, metade da taxa registrada na Colômbia, por exemplo.
Mais Médicos
Padilha afirmou que está confiante no papel que os profissionais inscritos no Mais Médicos devem exercer na identificação precoce e redução de casos graves e mortes pela doença no ano que vem. “Mais de 80% dos médicos que vieram de fora têm vasta experiência no combate à dengue”, disse, citando o exemplo de Cuba, que teria apresentado um dos menores índices de letalidade ao enfrentar epidemia.
Na próxima quinta-feira (21), equipes do Ministério da Saúde farão uma videoconferência para os médicos do programa focada na identificação e tratamento da dengue.
Campanha
Além de divulgar os resultados do Liraa, o Ministério da Saúde lançou hoje a campanha de mobilização nacional contra a doença, que conta com o ex-capitão da Seleção Brasileira Cafu como garoto-propaganda. O mote é “Não dê tempo para a dengue”.
“Como a campanha mesmo diz, bastam 15 minutinhos, um intervalo de jogo, para fazer nossa parte e combater a dengue”, declarou Cafu na coletiva de imprensa.
A ideia é aproveitar o envolvimento do brasileiro com o futebol e a Copa do Mundo e usar esse espírito para conscientizar a população sobre a prevenção do Aedes aegypti. “Hoje estamos iniciando o campeonato contra a dengue”, comparou. Padilha elogiou a atuação de capitão de Cafu e fez uma analogia ao combate à doença: “São lideranças que precisamos em cada município, em cada bairro”.
O ministro ainda anunciou destinará mais de R$ 363 milhões para ações de vigilância, prevenção e controle da doença. No ano passado, foram transferidos R$ 173,3 milhões. Em contrapartida, os municípios precisam cumprir metas como assegurar a quantidade adequada de agentes de controle de endemias, garantir a cobertura das visitas domiciliares pelos agentes e realizar o Liraa.
Os recursos vão incrementar os investimentos realizados nas ações de vigilância em saúde, que somam R$ 1,2 bilhão.