A endometriose é uma das doenças femininas mais prevalentes, afetando entre 10% e 15% das mulheres em idade reprodutiva (25 a 35 anos). Trata-se da presença de tecido endometrial fora do útero, podendo se localizar na pelve ou em qualquer outra parte do corpo, além de induzir uma reação inflamatória crônica e muito dolorida. Considerada doença imunológica, há muita controvérsia, ainda, no papel da endometriose na infertilidade.
Às mulheres diagnosticadas com endometriose – e que se perguntam o que isso significa em termos de fertilidade – Assumpto Iaconelli, especialista em Medicina Reprodutiva e diretor do Grupo Fertility, diz que os mecanismos que explicam a infertilidade em pacientes com endometriose dependem da fase em que a doença se encontra. “Quando mínima ou leve, a endometriose pode prejudicar a função ovariana, peritoneal, tubas uterinas e endométrio (camada que reveste o útero), levando a uma fertilização ou implantação defeituosas”.
O especialista afirma que, quando a doença é moderada ou grave, pode provocar a infertilidade ou redução nas taxas de gravidez quando comparadas com mulheres com endometriose em estágio inicial. Também pode haver um esgotamento prematuro da quantidade de folículos ovarianos. Mas outros fatores também podem estar envolvidos no desenvolvimento de focos de endometriose e na infertilidade, devendo ser investigados detalhadamente.
“Vale ressaltar que, mesmo que as dores sejam muito intensas, não quer dizer que a infertilidade seja mais grave. Paralelamente aos sinais, sintomas e achados no exame clínico, o padrão-ouro no diagnóstico da endometriose é a videolaparoscopia. Além de promover uma avaliação minuciosa das mais variadas lesões, aderências e teste de permeabilidade tubária, nos permite estadiar a doença, fazer biópsia de lesões e tratá-las cirurgicamente”, diz o médico.
Por ser uma doença imunológica e, portanto, recorrente, o tratamento da endometriose consiste em impedir sua progressão e aliviar os sintomas. Os resultados dependem da idade da paciente, do nível de dor, da extensão do processo, sua localização, tratamentos anteriores e do desejo de engravidar. “Quando a paciente tem mais de 35 anos, geralmente indicamos a laparoscopia para eliminar os focos de endometriose e uma indução ovulatória. Se, num prazo de seis meses, a paciente não engravidar, sugerimos a reprodução assistida – mais especificamente a fertilização in vitro”, diz Iaconelli. O médico afirma, inclusive, que a fertilização in vitro é a primeira opção para pacientes com endometriose moderada ou grave que queiram engravidar. (Fonte: Dr. Assumpto Iaconelli Junior, médico ginecologista, especialista em Medicina Reprodutiva, diretor do GrupoFertility e do Instituto Sapientiae)