No Dia Nacional de Combate ao Colesterol, celebrado hoje (8), especialistas querem mudanças estruturais nas políticas públicas para combater os problemas gerados pelo consumo exagerado de produtos industrializados, ricos em gordura e carboidratos.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Thiago Trindade, apesar do aumento da obesidade entre a população brasileira, tem havido uma mudança positiva em relação à alimentação. Médico de família em Natal, no Rio Grande do Norte, Trindade recebe cada vez mais pacientes conscientes da necessidade do hábito mais saudável à mesa. Entretanto, ele alerta que a pobreza é o principal obstáculo para quem quer transformar a teoria em prática.
“Cada vez mais, vemos pacientes dizendo que têm buscado alimentos mais saudáveis, mais ricos em fibras, com menos gordura. Mas vemos que as pessoas de classes sociais mais pobres não têm tanto acesso às saladas, frutas, têm menos condições de fazer exercícios físicos e costumam comprar os alimentos mais baratos, ricos em gorduras e carboidratos”, lembrou o médico.
Ele acredita que uma medida eficaz para solucionar parte do problema seria a obrigatoriedade de um cardápio saudável nas escolas públicas e privadas. “As crianças passam metade do dia na escola e seria fundamental que lá fossem oferecidos alimentos saudáveis”. Para Trindade, o controle desde cedo é o melhor remédio para evitar futuras doenças causadas pelo colesterol alto.
O presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, João Bastos Freire Neto, defendeu ampla discussão sobre o assunto na sociedade. Uma iniciativa efetiva, na sua opinião, seria estimular o consumo de alimentos saudáveis por meio de isenções fiscais.
“A população tem acesso à alimentação de baixa qualidade, porque é mais barato. Por que temos tanto imposto sobre alimentos como o arroz e o feijão? A isenção de impostos para alguns alimentos de alta qualidade teria um efeito muito maior no consumo saudável”, argumentou o médico. “Temos uma cultura de alimentação básica de alta qualidade – arroz, feijão, carne, peixe, frango e salada – mas estamos deixando que nossa cultura se perca, por questões que poderiam ser revistas. O custo para a saúde da população e para o país é muito alto”, alertou Freire Neto.
O colesterol é um lipídio que auxilia no bom funcionamento do organismo, mas se consumido em excesso torna-se perigoso, sobretudo para os maiores de 60 anos, e pode causar doenças cardiovasculares, como infarto.
Há dois tipos de colesterol: o “bom” (HDL) e o “ruim” (LDL). O consumo de fibra solúvel ajuda a reduzir a absorção de colesterol na corrente sanguínea. Esse tipo de fibra é encontrado na aveia, no farelo de aveia, feijão, nas maçãs, peras e ameixas, por exemplo.
Peixes como truta, sardinha, atum, salmão, linguado, entre outros, também são aliados contra o colesterol alto, pois contêm altos níveis de ômega-3, os ácidos gordos, que podem reduzir a pressão arterial e o risco de desenvolvimento de coágulos sanguíneos. Outros alimentos que ajudam a manter o bom colesterol e a evitar o mau são azeite e castanhas, iogurtes e suco de laranja.