A falta do soro antirrábico nas unidades de saúde dos municípios para atender pacientes com suspeitas de terem contraído a raiva animal é uma medida do Ministério da Saúde, informa a Central da Vigilância Epidemiológica (VE) de Presidente Venceslau, órgão da Secretaria Estadual da Saúde que abrange as cidades da região.
Segundo a diretora da Central da VE, Regina Azenha Tagima, o Ministério da Saúde diminuiu os repasses do soro para os estados. Em eventual caso de alguém sofrer alguma ocorrência de um cão, gato ou outro animal silvestre com suspeitas da doença, deve procurar imediatamente o centro de saúde local para registrar o acidente.
Tagima informa que o Ministério da Saúde possui um protocolo de procedimentos que devem ser seguidos e havendo a necessidade de aplicação do soro antirrábico, a regional da Secretaria da Saúde irá providenciá-lo.
A falta do soro antirrábico, ocorre também no Centro de Saúde de Dracena. Segundo a subchefe de notificações de doenças do município, Cristiane Silva, o desabastecimento ocorre em todo o País e em casos de necessidade, ela confirma a informação da diretora regional da VE em que a primeira providência será solicitar o soro aos órgãos estaduais da Saúde.
ÚLTIMO CASO – O último caso da raiva humana no estado de São Paulo ocorreu em Dracena, com a morte de uma dona de casa de 52 anos, em julho de 2001.
A doença foi constatada após exame laborial realizada pelo Instituto Pasteur, da Secretaria Estadual da Saúde. Familiares relataram aos técnicos de saúde na época, que a vítima tinha uma gata e vizinhos a viram brigar com um morcego um mês antes de atacar a dona. A gata não foi mais encontrada. Antes, desde 1997 não havia ocorrência de raiva humana no estado de São Paulo.
Cristiane Silva informa que a profilaxia com a vacina em humanos pode ser feita após o incidente com o animal suspeito da doença.
O período de incubação do vírus em suspeitos é variável, pode ser de um mês a um ano. A maioria dos casos ocorre de duas semanas a três meses.
A transmissão da raiva, segundo pelo Instituto Pasteur, ocorre quando o vírus contido na saliva e secreções do animal infectado penetra no tecido, principalmente através da mordida e mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas e (ou) pele lesionada.
PROTOCOLO – As normas técnicas de profilaxia da raiva humana, do Ministério da Saúde, orientam que em casos de ocorrência com cão ou gato suspeitos de raiva no momento da agressão grave, deve-se lavar o local com água e sabão, observar o animal durante dez dias após a exposição e começar o esquema profilático com vacinação.
Se o animal morrer, desaparecer o se tornar raivoso deve-se dar continuidade à vacinação e aplicação do soro. Se o animal permanecer sadio no período de observação, o caso é encerrado.
No caso de acidentes graves por cão ou gato raivosos, desaparecidos ou mortos e animais silvestres, incluindo morcegos, além de lavar com água e sabão, deve-se iniciar imediatamente a aplicação do soro e cinco doses de vacinas.
Nas agressões por morcego, o Ministério da Saúde determina que deve-se aplicar o soro antirrábico e vacinação simultâneos, independente da agressão da lesão.
SORO – O soro antirrábico que passou a ser utilizado na década de 50, jamais deve ser utilizado sozinho, ele complementa a profilaxia da raiva humana em pós-exposição, pois já é um concentrado de anticorpos antirrábicos produzidos em outro organismo.
Os anticorpos antirrábicos produzidos em outro organismo devem ser administrados, se necessários, além da vacina contra a raiva (nunca em sua substituição), em casos de grande risco de o vírus rábico atingir o sistema nervoso central de maneira mais rápida devido à localização e extensão do(s) ferimento(s). 
O soro antirrábico pode ser heterólogo (origem animal), denominado ERIG (Equine Rabies ImmunoGlobulin) ou apenas SAR (Soro Antirrábico) ou homólogo que é a imunoglobulina antirrábica humana, denominado HRIG (Human Rabies ImmunoGlobulin).