O estado de São Paulo confirmou, desde o início deste ano, três mortes por febre amarela, nas cidades de Américo Brasiliense, Batatais (ambos autóctones, adquiridas no próprio estado) e Santana do Parnaíba (caso importado, pois a vítima havia viajado para Minas Gerais). As informações foram divulgadas hoje (23) pela Secretaria Estadual da Saúde.
Outras três mortes, que estão sendo investigadas pela secretaria, de pessoas que voltaram de Minas Gerais com sintomas da doença, também podem ter ocorrido por febre amarela. Além desses óbitos, existem sete pacientes em todo o estado com suspeita de terem contraído a febre amarela.
No final do ano passado, um homem de 52 anos morreu em Ribeirão Preto, no interior do estado, com diagnóstico confirmado de febre amarela. Ele ficou quatro dias internado e morreu no dia 26 de dezembro. O homem morava próximo a uma região de mata, onde vivem macacos hospedeiros do vírus. A suspeita é que espécies silvestres do mosquito Aedes aegypti, que transmite a doença, possam ter infectado a vítima.
Em abril do ano passado, outra pessoa também teve a morte confirmada no município de Bady Bassit, no interior paulista. O local de infecção dessa vítima foi uma área silvestre, chamada de Mata dos Macacos, no município de São José do Rio Preto.

Vacinação

No Instituto Emílio Ribas, na capital paulista, hospital referência em infectologia, houve expressivo aumento da procura por vacinas contra febre amarela. No último sábado (21), a imunização foi aplicada em 320 pessoas. A média diária de vacinação registrada pelo hospital é de 50 por dia, chegando a 150 em período de férias, quando as pessoas mais viajam.
O infectologista e coordenador de Medicina de Viajantes do Emílio Ribas, Jessé Alves Reis, não aconselha vacinação em pessoas que não vão viajar para áreas de risco. “É importante que as pessoas entendam que, quem vive ou viaja para as áreas de risco deve se vacinar. As pessoas que estão fora dessas regiõesnão tem necessidade de correr para tomar vacina”, afirmou.

Viajante para MG

Maria de Fátima Diniz Viana, 64 anos, vai viajar para a cidade de Governador Valadares, em Minas Gerais, e depois embarca para Portugal. Por precaução, ela vai tomar a vacina e pretende levar a certificação de imunização para entrar na Europa. “Meus familiares em Minas estão apreensivos, tomaram a vacina porque a região rural já está sendo atingida. Eu vou para a área urbana, mas vou tomar por precaução”, disse.
Graziela Porfilho, 28 anos, vai viajar para a área rural da cidade de Paraisópolis, em Minas Gerais. “Meu irmão, que mora lá há 2 meses, disse que não tem surto na cidade, mas como acabamos indo para outras cidades, vai saber. Ele está lá há 2 meses e ainda não tomou a vacina.”
A vacina está disponível na rede pública e deve ser tomada 10 dias antes de viagens para as áreas de risco, que são basicamente áreas de floresta e zona rural. A vacina tem efeitos adversos e não pode ser tomada por pessoas com doenças imunológicas, que estão tomando remédios que possam afetar o sistema imune, gestantes, menores de 6 meses e idosos acima de 60 anos.

Modo silvestre

Desde 1942, não há registro de transmissão urbana de febre amarela no Brasil. O risco de uma volta da transmissão urbana é teórica, mas existe, disse Jessé. De acordo com ele, o país registrou ciclos silvestres de transmissão em 2003, 2008 e 2009.
Em todo o país, de acordo com o Ministério da Saúde, os casos continuam concentrados em região de mata silvestre. O último balanço do ministério, de sexta-feira (20) aponta 272 casos suspeitos em Minas Gerias, 47 foram confirmados e 25 óbitos. No Espírito Santo, são 11 casos suspeitos. O próximo balanço será divulgado hoje (23) à noite.