Doença incurável, apesar de tratável, o herpes ocular é uma infecção provocada pelo mesmo vírus do herpes labial, o herpes simplex (HSV). Geralmente, a pessoa entra em contato com o vírus ainda na infância. De acordo com o oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo, há casos em que a criança é tratada de uma infecção moderada.
O vírus invade os olhos e chega ao gânglio trigeminal, onde encontra condições ideais para se instalar e se tornar latente. Ao longo da vida, principalmente durante episódios de estresse intenso, traumas ou períodos de baixa imunidade, esse vírus faz o caminho de volta para a córnea e se manifesta com o herpes ocular.
Existem mais de 80 tipos de vírus do herpes e eles se diferenciam de várias formas. Mas todos percorrem os nervos até alcançar uma terminação nervosa – onde se alojam e passam períodos de inatividade. Quando acomete lábios e pele, o diagnóstico do herpes é bastante fácil. Mas, quando o vírus atinge os olhos, a doença pode ser mal diagnosticada ou tratada indevidamente. Em casos graves, inclusive, o paciente pode perder a visão. “É preciso ter bom conhecimento para distinguir o herpes ocular de infecções, intoxicação ocular provocada por medicamentos, e também do herpes zoster (causado pelo vírus da varicela)”, diz Neves.
Vale ressaltar que o herpes ocular pode acometer qualquer camada dos olhos, mas as manifestações mais comuns incluem blefarite (inflamação das pálpebras), conjuntivite folicular e ceratite (inflamação da córnea). Mas vale advertir que nada tem a ver com o herpes genital, que é uma doença sexualmente transmissível”, diz Neves.
De acordo com o médico, o tratamento imediato com medicamentos antivirais específicos ou antibióticos interrompe a multiplicação do vírus e impede que a doença continue destruindo as células epiteliais. Embora o estresse seja um gatilho importante para a manifestação do herpes ocular, Neves afirma que problemas de saúde bucal, queimaduras de sol, traumas e períodos pós-cirúrgicos também podem desencadear novos episódios. “Mais da metade da população mundial já entrou em contato com esse vírus. O importante é que a doença seja devidamente diagnosticada e tratada, a fim de não se agravar. Em casos raros, mais severos, o único tratamento viável é o transplante de córnea.”