Apesar da manhã chuvosa e da pouca participação de autoridades municipais e estaduais, os familiares de Heloísa Aparecida Schio, 16 anos, que morreu atropelada ao atravessar a rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294), no trevo da Unesp de Dracena, reuniram ontem, 12, cerca de 50 pessoas em uma manifestação pacífica no campus, pedindo melhorias para a segurança no local.
Heloísa Schio morava em Brasilândia (MS) e estudava à noite, no curso pré-vestibular da Unesp. Na noite de 19 de abril, foi atropelada por uma motocicleta na rotatória de acesso à universidade, na rodovia SP-294. A jovem chegou a ser socorrida pelo Resgate do Corpo de Bombeiros ao Pronto Atendimento Municipal (PAM), mas não resistiu aos ferimentos e faleceu.
A manifestação teve como objetivo reivindicar obras de segurança no local e foi organizada pelo pai de Heloísa, Deolir Schio, que junto com amigos e parentes, mobilizou cerca de 50 moradores de Brasilândia que se deslocaram até o campus, ontem de manhã.
Trajando camisetas com a foto de Heloísa e portando faixas reivindicando as melhorias e cartazes com fotos da jovem, os parentes, amigos e autoridades de Brasilândia, realizaram um protesto pacífico e silencioso, na entrada do campus, ao lado da rotatória.
Apesar da ausência de representantes do Departamento de Estradas e Rodagens (DER) e autoridades municipais de Dracena e região, os moradores de Brasilândia atingiram o objetivo de chamar a atenção para o problema no local.
Contaram com a solidariedade do Rotary Clube de Dracena, funcionários da Unesp e políticos como o vereador Milton Polon, os representantes do Partido dos Trabalhadores (PT), Agenor Narciso e Célia Brandani e do deputado Mauro Bragato.
A Polícia Militar Rodoviária mobilizou soldados e viaturas para garantir a segurança dos manifestantes e dos motoristas que transitavam pela rodovia naquele horário. Mesmo com as viaturas no local, os motoristas não diminuíam a velocidade ao passar em frente ao campus.
FAMILIARES – A mãe de Heloísa, dona Leila, ainda abalada pela tragédia com a filha não pôde comparecer no protesto. Vieram os amigos e parentes, entre eles, os tios Vânia Maria, Júlia e Roberto Magno Pereira e as primas, Júlia de 16 anos e Iasmin, de 11 anos.
Eles se emocionaram ao falar de Heloísa, principalmente Júlia, que tem a mesma idade e eram muito próximas. “Estudávamos na mesma escola, estávamos sempre juntas. A perda é muito grande”, disse Júlia. Segundo a tia Vânia era muito conhecida e querida na cidade. “Não sai sozinha, era companheira”, resume a tia.
O pai Deolir afirmou que a manifestação teve como objetivo chamar a atenção das autoridades. “Para que outros pais não passem pelo mesmo que estamos vivendo”, afirmou, explicando que o objetivo da manifestação pacífica é para que as autoridades tomem medidas urgentes de prevenção a acidentes e atropelamentos.
Entre as medidas, ele aponta como prioridades uma faixa de segurança e lombada eletrônica para os carros reduzirem a velocidade ao passar em frente ao campus.
O professor Paulo Figueiredo, vice-coordenador da Unesp, esteve presente e afirmou que estava apoiando a manifestação. “É importante chamar a atenção das autoridades, o trevo é um problema gravíssimo, precisamos de medidas a curto e médio prazos, somente manifestações pacíficas assim é que ajudam a resolver a situação”, disse.
Figueiredo ressalta que desde o início da implantação do campus, a direção da Unesp vem enviando ofícios a órgãos como o DER, além de autoridades da região, alertando para a os riscos de acidentes no local.
“A manifestação tem esse sentido, que os pedidos do pai que perdeu uma filha sejam acatados, nós, funcionários e alunos que usamos o trevo diariamente, estamos sujeitos a passar por isso,”, explica
Figueiredo ressalta que recebeu ofícios de apoio à manifestação e aos pedidos do prefeito Célio Rejani, deputados Mauro Bragato, Reinaldo Alguz e dos vereadores Nelson Buzinaro (presidente da Câmara), Milton Polon e Francisco Rossi.
O coordenador da Unesp, Mário Arrigoni, enviou ofícios nos últimos dias, aos deputados e autoridades da região, pedindo medidas que incluem prioritariamente, iluminação do trevo, diminuição da velocidade no trecho, instalação de radares fixos nos dois sentidos da rodovia, sonorizadores, lombadas, lombadas eletrônicas, melhorias nas placas de advertência, além da limpeza periódica da área para melhor visualização pelos usuários.
O vereador Milton Polon declarou que é solidário aos pais e parentes de Heloísa e à direção da Unesp que reivindica as melhorias. “De imediato, é preciso iluminar o trevo para melhorar a visualização e instalar redutor de velocidade e lombadas até a construção de uma futura passarela”, declarou.
A presidente do Rotary Clube Dracena, Célia Brandani afirmou que o apoio do clube aos familiares de Heloísa e pelo direito do cidadão à segurança no trânsito. No final, os manifestantes rezaram uma oração e reforçaram o pedido de apoio das autoridades para melhorar a segurança no trevo.