O casal João da Silva Leite (51) e Maria Isabel Martins (45), moradores de Junqueirópolis tem uma história de amor e dedicação em comum, difícil de imaginar nos dias atuais, mas que significou uma nova vida para um pai de família e um exemplo de solidariedade a ser seguido. 

Em uma situação tida como incomum na Medicina, a esposa conseguiu doar um de seus rins para o marido, apesar de não haver a mesma identidade genética entre os dois.

O transplante foi realizado com sucesso na Santa Casa de Marília, há quase dois meses, após Leite passar por internações nas santas casas de Junqueirópolis e Dracena, onde foi constatada a insuficiência renal. 

“O que afetou o rim, foi a pressão alta, ele começou a passar mal há um ano e meio”,  conta a esposa.

Leite começou a fazer hemodiálise na Santa Casa de Dracena. “No início, ele não aceitava o transplante, mas eu e nossas filhas (Natiane e Carol), fomos convencendo-o pouco a pouco”, lembra a esposa.  

“Mas havia um obstáculo, a filha Natiane que tem as mesmas características genéticas, não poderia fazer a doação por ter 24 anos e para ser doador é preciso ter acima de 30 anos”, explicou Maria Isabel.

Um dia, Leite perguntou à esposa qual era o seu tipo sanguíneo. “Respondi que era O positivo, o mesmo dele, mas expliquei que não tínhamos a mesma linhagem genética”, ressalta a esposa ao alertá-lo que haveria risco da rejeição no transplante”. 

Mesmo assim, Leite acreditava que se pudesse haver um doador para ele, seria a sua esposa e Maria Isabel demonstrou esse amor e despreendimento.

Desde o início, quando João afirmou que a doadora teria que ser ela, Isabel esteve ao seu lado e juntos, começaram a realizar os em laboratórios especializados em São José do Rio Preto e Marília. 

“Para nossa surpresa, os exames indicaram que o rim poderia ser transplantando”, relata. Emocionada, Maria Isabel acredita em um milagre.

“Isso é muito difícil acontecer, até o rim, o João dizia que o direito é que daria certo. Apesar do médico informar que o mais comum nos  transplantes ser o esquerdo, mas nos exames confirmaram que o direito é que era o indicado, o esquerdo não deveria ser retirado, era o mais resistente e portanto eu precisava permanecer com ele”.

As cirurgias para retirar o órgão de Maria Isabel e o implante em Leite surpreenderam todos. “O rim transplantado começou a funcionar ainda durante a cirurgia, o que também impressionou”, conta a esposa. As cirurgias duraram oito horas, das 7h às 15h. 

Hoje a vida do casal é normal. “Para quem doa, a situação é pior, mas estou me recuperando bem, os medicamentos estão diminuindo e com uma alimentação saudável, aliás, eu e o João estamos cuidando bem disso, nossa vida está tranquila, parece que o meu rim foi feito para ele”, diz relata Maria Isabel, com sensação de um dever cumprido.

O segredo para uma vida saudável de ambos, que agora partilham a mesma condição, com um rim cada será a boa alimentação.  

Sobre a decisão de doar um rim, mesmo sendo para o marido, ela respondeu que tinha dois rins e para viver, um é o suficiente. “E João precisava de um para viver e agora ele continuará próximo de nós, isso é o que importa”, conclui Isabel.

No dia da reportagem, João havia viajado com a filha Natiane para a Santa Casa de Marília, realizando exames de rotina após a cirurgia, mas está se recuperando e assim como Isabel, passa bem. O casal também tem uma neta, Maria Eduarda.