Mortes por atropelamento caem 40% no centro de SP após campanha Número de indenizações de acidentes pelo DPVAT sobe 31% no 1º semestre de 2012 Estudo aponta veículos mais indicados para transporte nas grandes cidades brasileiras Abalados com a morte do amigo Vitor Gurman, 24, atropelado em julho do ano passado por um jipe Land Rover quando andava pela Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, quinze jovens paulistanos se uniram para conscientizar a população sobre os perigos da direção irresponsável, que mata 35 mil pessoas por ano no Brasil. A criatividade do grupo vem rendendo frutos: eles conseguiram que jogadores de futebol abraçassem a causa, que mais de 16.600 pessoas entrassem na comunidade “Viva Vitão” no Facebook e que campanhas educacionais fossem adotadas em algumas baladas da cidade. Agora, o movimento lança seu projeto mais ambicioso: o documentário “Luto em Luta”.

O filme, que foi produzido com apenas R$ 35 mil, deve estrear no dia 21 de setembro e será exibido em seis salas da rede Cinemark de São Paulo. A iniciativa também chamou a atenção do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) da cidade, que apoiou uma sessão de exibição no MIS (Museu da Imagem e do Som), no dia 19, durante evento da semana nacional de trânsito.

BALADA CONSCIENTE
Uma parceira do “Viva Vitão” com baladas paulistanas estimula jovens a não beber e dirigir. Quem apresenta o boleto de táxi na hora de pagar a conta, ganha desconto ou pega fila alternativa. Confira os locais que já aderiram ao esquema:
Club Yatch: Rua Treze De Maio, 703, na Bela Vista
Neu: Rua Dona Germaine Burchard, 421, na Água Branca

O documentário usa a história de Vitor, atropelado pela nutricionista Gabriella Guerrero, 30, que estava acima da velocidade permitida no local e parecia estar embriagada, e de outros personagens, como a advogada Carolina Menezes Cintra Santos, 28, que morreu após seu carro ser atingido por um Porsche a 150 quilômetros por hora, para falar da levianidade com a qual o trânsito é tratado hoje na sociedade. O lema é: “Não adianta apenas ficar em luto pela perda de alguém.”

“É muito fácil eu cruzar os braços e dizer que o governo precisa fazer alguma coisa… Eu preciso fazer alguma coisa!”, comenta uma das ativistas no trailer. “Acorda gente! Quantas lágrimas vão ter que rolar ainda? Até quando?”, diz uma cadeirante em outro trecho do vídeo.

“No filme, falamos sobre como as pessoas podem agir e mudar situações, consciências e atitudes. O público-alvo é quem sai na rua todo dia, não só motorista e pedestre, mas claro que o mais importante é atingir adolescentes que estão prestes a virar motoristas”, explicou o cineasta Pedro Serrano, 25, amigo de Vitor e diretor do filme.

Além de depoimentos de vítimas, amigos e familiares, o documentário traz imagens de acidentes em São Paulo e especialistas falando sobre a violência no trânsito.

Segundo Heitor Bonadio, 25, um dos integrantes do movimento, o objetivo é mostrar que o comportamento no trânsito de hoje “não é uma coisa normal”.

“Logo após o acidente, a gente [do movimento] queria fazer alguma coisa. Fizemos ações pontuais: uma passeata na Vila Madalena, distribuímos panfletos, conseguimos que os jogadores do São Paulo, do Santos, do Palmeiras, da Portuguesa e do Corinthians entrassem com a nossa bandeira em campo, mas depois passamos a focar no filme, porque é preciso conscientizar as pessoas de que para viver em sociedade não dá para fazer o que quiser”, disse. “Queremos usar o filme para dar um tapa na cara e fazer as pessoas pensarem.”

Para Serrano, apesar da sensação de que o grupo já chegou longe, ainda há muito o que fazer. “A luta que está longe de acabar. Só acaba quando tivermos números de acidentes menores e mais respeito no trânsito. Fizemos apenas uma pequena parte.”