Cerca de 60 mil pessoas aguardam por cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Belo Horizonte. Desse total, 40% saem de outras cidades de Minas Gerais. A espera é longa e pode durar anos.

Mikaelly tem bronquite alérgica. Ela respira pela boca e dorme mal. Os sintomas começaram nos primeiros meses de vida. Aos 2 anos, veio a pior crise. “A minha impressão é de que ela estava morta, porque ela não estava respirando. Só depois que eu peguei no pulso dela que senti que ela estava bem”, disse a mãe, Mirtes Pereira Aquino.

Na primeira consulta, foi diagnosticada que a menina precisaria de uma cirurgia para melhorar a respiração. A partir daí, começaram as idas e vindas a hospitais e postos de saúde da capital.

A secretaria informou que a menina vai passar por uma nova avaliação médica ainda este mês. Só depois disso será marcada a data da cirurgia. “Depende do SUS. Pagamos imposto de tudo e, na hora que precisamos de algo, não conseguimos”, afirma a mãe.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, cerca de 60 mil pessoas já passaram pela avaliação médica e agora aguardam na fila de espera por uma cirurgia pelo SUS em Belo Horizonte. A prefeitura reconhece que atualmente não tem condições de atender a toda esta demanda. Eles alegam estar priorizando os casos mais graves.

O secretário Marcelo Teixeira disse que 40% dos casos cirúrgicos do SUS na capital mineira são de pacientes que saem do interior.

O vendedor Protázio Ribeiro Silva mora em Contagem (MG). Ele fraturou um ligamento no joelho direito no ano passado. O caso dele é considerado grave, com necessidade urgente de cirurgia, segundo o laudo médico. Já passou um ano e, até agora, a operação não foi marcada.

“A gente se sente humilhado. Não temos condições de pagar um plano de saúde. Ficamos esperando e eles ficam enrolando. Cada dia nos mandam para um lugar. É uma falta de respeito”, disse Silva.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o pedido de cirurgia dele vai ser encaminhado para Belo Horizonte em novembro.

A meta da prefeitura é acabar com as filas em até três anos.