O Brasil é o país da América Latina que mais vai crescer em 2010, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), braço da ONU para a região.
A Cepal projeta crescimento de 5,5% no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2010. Para 2009, a projeção da comissão é de crescimento de 0,3% na economia brasileira.
Segundo o Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe, a região vai ser recuperar da crise internacional mais rápido do que o previsto há alguns meses e deverá crescer 4,1% em 2010.
Para 2009, a projeção é de contração de 1,8% – um pouco menor que a queda de 1,9% prevista anteriormente.
“O pior da crise ficou para trás. Os motores do crescimento já voltaram a funcionar, mas não se sabe quanto vai durar o combustível”, diz a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena.
A Cepal afirma que, apesar das projeções positivas para a maioria dos países, não se pode garantir que a recuperação será sustentada, já que o cenário externo ainda gera incertezas e poderia afetar as expectativas de crescimento.
As projeções da Cepal indicam que a recuperação será maior na América do Sul e Central do que no Caribe. Além do Brasil, Peru e Uruguai também aparecem no topo da lista da comissão, ambos com projeção de crescimento de 5% em 2010.
Políticas
De acordo com a Cepal, a região vai conseguir superar a crise mais rápido graças a um conjunto de políticas anticíclicas que permitiram enfrentar de maneira eficaz as turbulências externas.
Entre essas medidas, a Cepal cita a redução nas taxas de juros, o aumento da participação dos bancos estatais na concessão de crédito, a expansão dos gastos públicos e a aplicação de uma variada gama de programas na área social.
O documento afirma ainda que, à medida que o crescimento se consolidar, poderá ocorrer uma aceleração inflacionária “moderada” e, como consequência, endurecimento da política monetária por parte dos bancos centrais dos países da região.
Segundo a Cepal, o desemprego na região sofrerá um aumento em 2009 na comparação com o ano passado. A previsão é de que o desemprego atinja 8,3% da população ativa na região e que ocorra deterioração na qualidade dos postos de trabalho.
No entanto, a Cepal prevê que o crescimento da economia permitirá um aumento na taxa de ocupação e uma melhora na qualidade do emprego. De acordo com o estudo, a taxa de emprego poderia baixar para 8% em 2010.
A comissão da ONU afirma ainda que a atual crise econômica mundial deverá dar lugar a profundas mudanças no cenário internacional, que deverão gerar um cenário menos favorável ao crescimento da região do que aquele registrado entre 2003 e 2008.
De acordo com a Cepal, esse novo cenário cria a “necessidade urgente” de redefinir padrões de especialização produtiva e comercial, incentivando a inovação, a diversificação de produtos e a busca de novos mercados.
Além disso, a comissão afirma que também é necessário redefinir o papel do Estado, que deve ser dotado de instrumentos para prevenir e combater as crises e para promover um desenvolvimento econômico e social sustentável.