A taxa de mortalidade materna no Brasil caiu em média 63% entre 1980 e 2008, segundo estudo publicado na segunda-feira pela revista médica The Lancet.
Em 1980, o país apresentava uma taxa média de 149 mortes de mães para cada 100 mil bebês nascidos vivos. Há dois anos, este número havia caído para 55 em cada 100 mil.
Esses índices seguem a tendência de queda global observada no estudo da Universidade de Washington em Seattle, nos Estados Unidos, que analisou dados de 181 países.
Para os autores do documento, entender os motivos para a queda é uma tarefa “complexa”.
“Uma prova disso é a comparação entre o México e o Brasil. Ambos são grandes federações que melhoraram muito a mortalidade de adultos por causa de mudanças sociais, econômicas e de seus sistemas de saúde”, diz o artigo. “Mas o Brasil teve uma queda maior que a mexicana (3,9% por ano em comparação a 1,9% por ano no México).”
Em um manual especializado publicado em 2007, o Ministério da Saúde brasileiro diz que a queda da taxa de mortalidade materna no país pode estar associada a uma melhoria na qualidade do atendimento pré-natal e do parto, assim como de planejamento familiar.
Segundo o Ministério, as principais causas deste tipo de óbito no Brasil são as doenças hipertensivas e as síndromes hemorrágicas.
Mundo
O estudo revela que em 2008 houve 342,9 mil mortes, em comparação com 526,3 mil há 30 anos – uma queda de aproximadamente 35%.
Entretanto, mais da metade desses falecimentos se concentram em apenas seis países: Índia, Nigéria, Paquistão, Afeganistão, Etiópia e República Democrática do Congo).
O Afeganistão foi o que apresentou a taxa de mortalidade materna mais alta: 1.575 para cada 100 mil bebês nascidos vivos.
Já a China teve uma queda de 76% em sua taxa de mortalidade no período estudado – uma das melhores performances do mundo.
Poucos países, no entanto, apresentaram um aumento de óbitos. O caso mais surpreendente foi o dos Estados Unidos, onde o número de mortes subiu de 12 para 17 em cada 100 mil.
O vírus HIV, causador da Aids, continua sendo um grave problema. Sem ele, os cientistas estimam que o número de falecimentos maternos em 2008 teria sido aproximadamente 18% menor.
Otimismo
A melhora da saúde materna é uma das chamadas Metas de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidas pela ONU em 2000 e que têm como objetivo apresentar melhoras em várias áreas sociais e de saúde até 2015.
Diante disso, para Richard Horton, editor da The Lancet, o resultado geral é positivo.
“Os números nos dão um motivo robusto para sermos otimistas”, afirmou. “Mas esses números agora deveriam funcionar como catalisadores, e não um freio, para uma ação acelerada para se atingir a Meta do Milênio.”
“Isso inclui um aumento do comprometimento com recursos. O investimento salva a vida das mulheres durante a gestação.”
A mortalidade materna é definida pela morte de mulheres na gravidez, no parto ou nos primeiros 42 dias após o nascimento.
Segundo o Ministério da Saúde brasileiro, o falecimento poderia ser evitado em 92% dos casos.