Balanço do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro divulgado hoje (1º) constata que abril deste ano foi o mês com o menor número de homicídio doloso (com intenção de matar) de toda a série histórica do levantamento, iniciada em 1991. Em todo o Estado, houve 434 vítimas em abril, 108 a menos na comparação com o mesmo período no ano passado. A redução nesse período foi de 19,9%.
O levantamento do órgão, ligado à Secretaria de Estado de Segurança fluminense, também atesta queda em outros três indicadores. Na comparação entre abril de 2010 e abril de 2009, o número de vítimas de latrocínio (roubo seguido de morte) caiu de 27 para 11. Houve 526 menos casos de roubo de veículos, representando queda de 22,8%, e o índice de roubos de rua – seja em local público, em transporte coletivo e roubos de celular – recuou 12,5%, registrando 978 casos a menos. Ainda assim, foram registrados 6.871 casos de roubos de rua no mês.
Quanto à apreensão de drogas no Estado, os números também apresentam queda. Em abril de 2010, foram efetuadas 658 apreensões, ou 26,2% a menos do que em 2009. O estudo revela ainda que 48,9% das apreensões foram realizadas em municípios do interior.
Outro dado divulgado hoje trata do percentual de armas apreendidas, que caiu 13,7% no período. Por outro lado, o número de prisões aumentou, subindo 6,9% no quarto mês do ano, num total de 1.677 prisões no Estado.
Para Michel Misse, sociólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), embora seja inegável a redução dos índices de criminalidade, esta tendência ainda é recente e não é possível afirmar se ela vai continuar.
No caso da capital fluminense, o pesquisador explica que, apesar da queda dos números, os índices continuam elevados em comparação a outras cidades. No estudo divulgado hoje pelo ISP, vê-se, por exemplo, que 167 dos 434 (38%) dos homicídios dolosos cometidos no Estado ocorreram na capital – enquanto 133 aconteceram na Baixada, 55 ocorrem na Grande Niterói e 79 no interior.
Criador e coordenador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU-UFRJ), Misse aponta uma das prováveis razões para a redução da taxa de homicídios. “O declínio do tráfico de drogas, evidente desde 2003, pode estar contribuindo com a queda. Além da intensificação do trabalho repressivo da polícia”, ressalta.
No quarto mês deste ano, nenhum policial (militar ou civil) foi morto durante operações. Por outro lado, os autos de resistência – quando o opositor resiste e é morto – somaram 102 no período, mesmo dado registrado em 2009.