Com maior ou menor adesão, diversas greves nas Justiças Federal, Trabalhista ou Eleitoral já atingem 21 Estados e o Distrito Federal, segundo a Fenajufe (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal).
Em ao menos quatro deles –São Paulo, Mato Grosso, Ceará e Paraíba–, há greve também na Justiça estadual.
Na maioria dos casos, os servidores estão com os braços cruzados há mais de um mês; em alguns, há 60 dias.
Os prejuízos para a população se multiplicam: audiências de processos que já duram anos foram remarcadas para o ano que vem, pessoas e empresas deixam de concretizar negócios por falta de documentos fornecidos pelo Judiciário e saques de recursos já autorizados são retidos por falta de certidões.
Os locais afetados são: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PE, PI, PR, RO, RS, RR, SC, SP, RJ e TO.
Casamento
Quando marcou o casamento para o próximo dia 17, o fotógrafo Manoel Nascimento iniciou uma reforma na casa, na capital paulista.
Para isso, contava com R$ 20 mil de uma ação que ganhara na Justiça de uma empresa em que trabalhava.
Dali a alguns dias, poderia retirar uma certidão para poder sacar o dinheiro, mas os servidores da Justiça do Trabalho entraram em greve.
Sem o dinheiro, o fotógrafo pegou um financiamento e vendeu o carro, mas o atraso pode impedir que a obra termine antes do casamento.
Em Mato Grosso, clientes do escritório do advogado Felício Valarelli já tiveram prejuízos de mais de R$ 1 milhão em negócios não fechados por falta de documentos.
Uma empresa do setor agropecuário aguarda há mais de 45 dias pelo cumprimento de uma liminar que libera uma carga de soja. Está há um mês sem vender.
Valarelli contabiliza em seu escritório mais de 200 audiências desmarcadas desde o início da paralisação.
Algumas foram remarcadas para o ano que vem, outras ainda não têm data.
Na zona leste da capital paulista, o subsíndico Eduardo Barranco aguarda a liberação de uma guia, que já foi paga, para que um perito vistorie dois apartamentos que precisam ir a leilão para pagar uma dívida condominial de mais de R$ 200 mil.
Há mais de um mês, o advogado Caio Arruda Botelho tem uma venda apalavrada de um imóvel avaliado em pouco mais de R$ 100 mil. Teme até perder o negócio por não conseguir tirar uma certidão negativa de débito.
“Meu prejuízo, de cara, é de R$ 1.000. Continuo tendo que pagar IPTU, condomínio e demais encargos”, conta.
Na semana passada, a OAB estimou que 50 dias de greve na Justiça paulista poderiam significar um ano de atraso nos processos.