A Petrobras recebeu ontem à noite a notificação sobre a interdição da plataforma P-33, localizada na Bacia de Campos. A Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) realizou esta semana fiscalização na plataforma e identificou “significativos desvios de segurança”.

Uma das queixas da ANP foi a modificação de sistemas críticos em relação à Documentação de Segurança Operacional (DSO) aprovada pela agência. A Petrobras acredita que este item se refere a geradores provisórios, instalados para substituir temporariamente o sistema de geração a vapor da plataforma, durante a manutenção da caldeira. “Eles não foram inseridos no DSO porque se tratavam de modificações transitórias”, alegou a companhia, em nota.

A agência indicou também a existência de análises de risco obsoletas em relação à realidade operacional da unidade. De acordo com a Petrobras, a análise de riscos da P-33 está válida até 2012, já que considera o prazo de cinco anos, a contar a partir da última atualização, realizada na em 2007.
Outro ponto alegado pela ANP para a interdição da plataforma seria a existência de equipamentos críticos com planos de manutenção expirados. A Petrobras informou ter realizado, em abril deste ano, redução de 50 vagas da plataforma, em atendimento à Superintendência Regional do Trabalho do RJ.

Foi necessário, então, “replanejar toda a carteira de serviços de manutenção. Em razão disso, ocorreram repriorizações nas manutenções nos meses de junho e julho, e a recuperação desses atrasos ocorrerá na próxima parada programada”, de acordo com a nota da estatal.

A Petrobras, de acordo com a ANP, teria ainda deixado de comunicar acidentes na plataforma. A companhia alega que a ocorrência verificada no dia 14 de julho não teve consequências ao meio ambiente ou à saúde humana, e o dano material foi considerado insignificante.

A companhia alega ainda que os serviços priorizados de recuperação de tubulações, guarda-corpos e grades de piso, e a remoção de cabos elétricos que estão fora de uso, vão ser realizados “antes ou durante a próxima parada programada”. “Os riscos dessas instalações estão monitorados e controlados e não comprometem a segurança da P-33 e seus trabalhadores”.

O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) vai realizar, na próxima segunda-feira, uma série de manifestações nas sedes da Petrobras, para marcar o aniversário de 25 anos da explosão na plataforma de Enchova, na Bacia de Campos, considerado o pior acidente da Petrobras, que causou a morte de 37 trabalhadores.

De acordo com o diretor de comunicação do Sindipetro NF, Marcos Breda, não haverá greve, nem parada de produção, mas sim uma operação-padrão.
“É uma forma de marcar o dia quanto a questões de segurança. Haverá mobilizações nas portas de entrada da Petrobras no Brasil. Nas plataformas, vamos pedir que trabalhadores tenham rigor técnico na maneira de cumprir procedimentos de segurança”, disse.