Sob pressão política, a Receita Federal anunciou ter descoberto esquema de venda de informações sigilosas e cobrança de propina na delegacia de Mauá (SP). Serão alvos de representações criminais as servidoras Adeildda Ferreira Leão dos Santos e Antônia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva, suspeitas de violar o sigilo de quatro tucanos.

A versão do Fisco contraria depoimentos de testemunhas que, em inquérito da Polícia Federal, afirmaram que os dados foram vazados por membros da pré-campanha presidencial do PT.

Ontem, a Receita informou que vai encaminhar à Polícia Federal as representações criminais contra Addeilda Santos e Antonia Silva na segunda-feira. Esse esquema, disseram o secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, e o corregedor-geral, Antonio Carlos Costa D?Avila, explicaria a violação dos sigilos fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de Luiz Carlos Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio e Gregório Marin Preciado.

Na noite de quinta-feira, horas antes da coletiva da Receita dada ontem de manhã, a direção do órgão e a PF divulgaram uma nota que apenas fazia um histórico do noticiário e da abertura da sindicância. Dizia que o assunto estava sendo tratado “com prioridade institucional” e respeitando o “devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa”.

O processo da corregedoria, que a Justiça mandou entregar, na íntegra, a Eduardo Jorge, não aponta indícios que a Receita anunciou. A entrevista também foi convocada após o jornal O Estado de S. Paulo mostrar que o processo aberto pela corregedoria do órgão poupava os funcionários e não apontava para conclusão na investigação.

Adeildda dos Santos era a dona do computador usado para consultar os dados dos tucanos, enquanto Antônia era a proprietária da senha utilizada no acesso. Elas negam participação na abertura das declarações de renda.