O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, afirmou ontem (8), que a entidade não medirá esforços para impedir a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) ou a criação de quaisquer tributos.
“Há algumas pessoas sonhando que o R$ 1 trilhão previsto para ser arrecadado para os cofres do governo federal em 2011 talvez seja pouco e andam sonhando com a criação de impostos ou contribuições. O recado que dou a elas é que tenham cuidado porque nós vamos fazer com que esses sonhos virem pesadelos”, declarou Skaf durante a abertura do Congresso Indústria 2010, na capital paulista.
Ao alegar que a sociedade não suporta mais pagar tantos tributos e taxas, Skaf criticou o argumento de que a recriação da CPMF seria necessária para custear os gastos do Estado com a saúde pública. Para ele, antes de pensar em ampliar a carga tributária, os políticos devem regulamentar a Emenda 29, que estabelece a aplicação obrigatória de recursos na saúde pela União, estados e municípios. Segundo ele, somente essa medida injetaria ao menos mais R$ 10 bilhões no setor. Além disso, Skaf também afirmou que a gestão dos hospitais e postos de saúde públicos tem que ser mais eficientes.
“Aqueles que queiram criar contribuições ou impostos vão se arrepender da iniciativa porque a sociedade não aceita mais. Faremos de tudo e não teremos limites nas nossas atitudes contra qualquer tipo de novo imposto”, completou o presidente da Fiesp, ao esclarecer que seu recado não é dirigido a nenhuma pessoa em particular e que, se necessário, a Fiesp irá mobilizar a sociedade com campanhas e um abaixo-assinado, além de participar de audiências públicas em que o assunto esteja em discussão.
Presentes no evento, os economistas Delfim Netto e Paulo Rabello de Castro também criticaram a eventual recriação da CPMF. “Acho que não é necessário qualquer aumento de imposto. Pelo contrário. Temos que trabalhar para melhorar a eficácia do gasto público”, afirmou Netto, que preside o Conselho Superior de Economia da entidade.
“A recolocação da questão de uma inútil CPMF é um estelionato eleitoral. A criação de impostos não consta dos programas de governo de nenhum desses candidatos agora eleitos governadores, deputados, senadores e até mesmo presidente de República”, argumentou Castro.
Com o tema Nosso Compromisso é com o Brasil, o Congresso da Indústria reúne cerca de 3 mil representantes do setor industrial paulista. Durante todo o dia, eles irão debater os principais gargalos à produção como a taxa de câmbio, o peso da estrutura fiscal, juros, carência de investimentos em infraestrutura e os gastos públicos.
As propostas reunidas ao fim do evento serão futuramente entregues à presidenta eleita, Dilma Rousseff, e ao governador reeleito por São Paulo, Geraldo Alckmin.