Ao deixar, há pouco, o Senado Federal, onde participou de audiência pública sobre a atuação do Banco Central (BC) e da Caixa Econômica Federal na crise do Banco PanAmericano, o presidente do BC, Henrique Meirelles, disse acreditar na manutenção da autonomia da autoridade monetária, porque a instituição “tem uma ação de sucesso nos últimos anos, reconhecida mundialmente, baseada na autonomia”.
Sobre o futuro do BC e a possibilidade de a autonomia da instituição diminuir no futuro governo, ele respondeu que a imprensa está entrando “no campo das especulações. Isso aí compete à presidenta da República e ao novo presidente do Banco Central esclarecer, no devido tempo”.
Meirelles disse que só fará qualquer comentário sobre o economista convidado para sucedê-lo, Alenxandre Tombini, quando seu nome for aprovado pelo Senado. O presidente do BC afirmou que sua decisão de deixar o cargo, confirmada oficialmente por ele ontem (24) pela manhã, “foi individual” e independe de situações de outras pessoas, “que não têm o mesmo tempo de governo ou a mesma situação em que estou no momento”.
A resposta foi dada a uma pergunta sobre como se sentia com a possível continuação de outros ministros nos cargos. “O que eu disse é que completo oito anos, considero minha missão cumprida, já em processo de término e tinha já a intenção de terminar meu trabalho juntamente com o mandato do presidente Lula. Portanto, estou extremamente gratificado e feliz”.
Ele disse ter motivos para celebrar porque “as coisas no Brasil vão muito bem” e preferiu não falar sobre seu futuro profissional que pode ser no setor público ou privado, na vida política ou no terceiro setor.
“Certamente, questões relativas a futuro serão discutidas no momento adequado”.
Perguntado se a demora em descobrir a crise do Banco PanAmericano seria fruto de falha de fiscalização, Meirelles disse que “listamos [técnicos do BC] toda uma série detalhada de órgãos de controle interno e externo que têm essa responsabilidade e isso tudo será apurado na investigação do Banco Central, do Conselho Federal de Contabilidade, da Comissão de Valores Mobiliários [CVM] e, na esfera criminal, pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal”.
Segundo ele, o BC já abriu processo administrativo para investigar a ação dos administradores, conselhos, diretores e dos auditores do Banco PanAmericano.