A cirrose hepática e suas complicações são a oitava causa de morte entre os homens no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Identificado há 21 anos, o vírus da Hepatite C (VHC) tem grande participação por esse resultado, sendo reconhecido internacionalmente como a principal causa de cirrose, câncer de fígado e, o maior responsável pela grande parte dos transplantes hepáticos.

Segundo o médico infectologista Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, essa classificação se dá por uma questão cultural. “Historicamente, o homem esteve socialmente mais exposto do que a mulher e, por consequência, mais vulnerável a doenças como a hepatite C”.

Desde o contágio até a fase mais avançada, a infecção pelo vírus C é, na maioria das vezes, assintomática, evoluindo por décadas como uma infecção silenciosa até que a cirrose ou o câncer sejam detectados. Somente então se descobre o vínculo desses males com o vírus da hepatite C.

O infectologista destaca ainda que, na cidade de São Paulo, 1,4% da população é vítima dessa doença silenciosa. Já na faixa etária acima dos 50 anos, esse índice sobe para quase 4%. “Este aumento corresponde àquelas pessoas que tenham recebido transfusão de sangue ou outros tipos de exposição antes do início dos anos 90, quando o sangue ainda não era testado”, explica.

Estima-se que, em termos mundiais, existam 170 milhões de infectados pelo vírus C. Em todo o Brasil, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que 3 milhões de pessoas estejam infectadas com o vírus.

Quanto maior o tempo de infecção, maiores são as chances de complicação do quadro clínico. Os impactos são graves: redução de vida dos infectados, com piora da qualidade de vida nas fases mais avançadas. Isso porque a terapia atual oferece sucesso à metade dos pacientes em tratamento.

‘COQUETEL’ – Esse quadro deve mudar em breve. No 1º Simpósio Latino-americano de Drogas Antivirais Contra o VHC, de 3 a 5 de dezembro, em São Paulo, serão apresentados novos estudos sobre a doença e novas terapias contra ela, como um ‘coquetel’ de medicamentos.

“Este momento só tem precedentes com o início da terapia HAART (‘coquetel’) para o HIV. Temos que tirar proveito das lições aprendidas no manejo do HIV para que possamos maximizar o uso dessas novas drogas que em breve estarão disponíveis em sua primeira onda, os Inibidores da Protease do VHC”, comemora dr. Evaldo, presidente da comissão organizadora do evento.

Os medicamentos devem estar disponíveis nos Estados Unidos no primeiro semestre de 2011. No Brasil, a expectativa é que o ‘coquetel’ seja disponibilizado entre o segundo semestre do ano que vem e o primeiro de 2012.