A alta nos preços dos alimentos foi o principal responsável pelo aumento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2010, que fechou o ano com taxa de 5,91%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou hoje (7) os dados da inflação, os produtos alimentícios responderam por 40% do índice, tendo contribuído com 2,34 pontos percentuais.
O IPCA serve de referência para o governo na definição da meta de inflação oficial do país.
A coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes, destacou que, embora os alimentos – que representam aproximadamente 23% do orçamento das famílias com rendimento até 40 salários mínimos – tenham ficado em média 10,39% mais caros ao longo do ano, alguns produtos tiveram alta ainda mais forte.
“Os alimentos foram determinantes no perfil da inflação de 2010 e é interessante observar que esse aumento de cerca de 10% é em média. Alguns produtos importantes na mesa do brasileiro subiram muito mais do que isso, como as carnes [alta de 29,64%], e os feijões [alta de 51,49%]”, afirmou.
Eulina Nunes destacou, ainda, que no ano passado os preços dos alimentos subiram quase três vezes mais do que em 2009, quando ficaram 3,18% mais caros.
“Isso ocorreu em função do aumento da demanda interna aliado a problemas climáticos que afetaram as lavouras, como as chuvas no início de 2010 e a seca no segundo semestre, no país e em outros importantes produtores, o que levou a uma alta de preços no mercado internacional”, explicou.
A coordenadora do IBGE ressaltou que a inflação em 2010 também foi pressionada pelos principais serviços demandados pelo consumidor, que contribuíram com 1,69 ponto percentual para o IPCA. Somados aos alimentos, eles foram responsáveis por quase 70% do índice. Em 2009, esse grupo contribuiu com a inflação em 1,42 ponto percentual.
Segundo Eulina Nunes, a expansão do emprego no país favoreceu o aquecimento da demanda no setor. Entre os destaques de elevação de preços em 2010 aparecem motel (13,86%), empregado doméstico (11,82%), costureira (11,78%) e cabeleireiro (8,16%).
Por outro lado, os serviços com tarifas administradas ajudaram a conter a alta da inflação, tendo reduzido sua contribuição para o IPCA de 1,07 ponto percentual para 0,76 ponto percentual na passagem de um ano para outro.
“A gasolina, por exemplo, que em 2009 teve alta de 2,06%, em 2010 subiu apenas 0,60%. O mesmo aconteceu com os remédios, que chegaram a subir quase 6% em 2009, e no ano seguinte não passaram de 3%”, acrescentou.
Por região metropolitana, a inflação mais baixa foi registrada em Recife, onde o IPCA variou 4,63% em 2010. Já Belém, onde o índice subiu 6,86%, registrou a taxa mais alta.
A alta de 5,91% no IPCA de 2010 é a maior variação anual desde 2004, quando o índice subiu 7,6%. A taxa do ano passado ficou praticamente estável na comparação com a de 2008 (5,90%). Em 2009, o IPCA registrou alta de 4,31%.
Em 2010, o índice que mede a inflação oficial ficou acima do centro da meta do governo, de 4,5%, mas dentro da margem de tolerância que é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.