O governo brasileiro prepara, via Embaixada do Brasil no Egito, uma nota de protesto contra o governo do presidente egípcio, Hosni Mubarak. Na diplomacia internacional, o documento tem o valor de uma queixa formal. Nele, o embaixador do Brasil no Cairo, Cesário Melantonio Neto, vai reclamar do impedimento de um diplomata de dar assistência a brasileiros, em um hotel, e de agressões sofridas por jornalistas brasileiros no país.
O secretário-geral para Comunidades de Brasileiros no Exterior no Itamaraty, embaixador Eduardo Gradilone, disse à Agência Brasil que a nota de protesto vai mencionar que as ações, cometidas por autoridades policiais no Egito, contrariam os acordos internacionais de assistência e apoio a estrangeiros fora de seus países.
“É uma nota que será encaminhada pela Embaixada do Brasil no Egito diretamente para o Ministério das Relações Exteriores. O embaixador Cesário deve citar a inadequação do impedimento ao trabalho do diplomata na assistência consultar e a agressão aos jornalistas brasileiros”, disse Gradilone.
A reação brasileira ocorre um dia depois de um diplomata ser impedido de entrar um hotel, no centro do Cairo, para dar assistência a brasileiros e também quando jornalistas do Brasil foram detidos, vendados e tiveram os equipamentos apreendidos no Egito. Os jornalistas Corban Costa, da Rádio Nacional, e Gilvan Rocha, da TV Brasil, ficaram presos por 18 horas e depois receberam ordens para deixar o país.
“O que ocorreu com os jornalistas brasileiros foi gravíssimo. Foi uma das situações mais graves dos últimos dias, por isso o Itamaraty divulgou ontem (3) nota de imprensa sobre o episódio. Houve a detenção dos profissionais e o confisco dos equipamentos. Além deste caso, houve o impedimento ao trabalho de assistência consular”, disse Gradilone.
Segundo Gradilone, ainda há cerca de 320 brasileiros no Egito. Destes, apenas 20 são turistas que estão em uma praia afastada do Cairo – centro da onda de manifestações de protestos contra Mubarak. “Estamos fazendo o possível para ajudar a todos que nos procuram. Tivemos, como todos, dificuldades com as linhas telefônicas e a internet. Agora está mais fácil”.
Paralelamente, o governo brasileiro, por meio do Itamaraty, analisa as sinalizações de reações populares na Síria, no Yêmen e Tunísia. De acordo com Gradilone, o mapeamento dos brasileiros nestas regiões está em elaboração e há uma atenção diferenciada, caso seja necessário prestar assistência, se houver ameaças nestes países.