Nove pessoas foram presas por agentes da Polícia Federal, na manhã de hoje (27), no Rio de Janeiro, durante a Operação Highlander, para desarticular uma quadrilha suspeita de fraudar benefícios da Previdência Social. O grupo é suspeito de ser responsável por um prejuízo aos cofres públicos de R$ 120 milhões, o maior no sistema do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nos últimos cinco anos. Três acusados estão foragidos.
De acordo com o delegado Wanderson Pinheiro, responsável pela operação, as prisões ocorreram em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, e em municípios da Região dos Lagos, como Búzios e Cabo Frio.
Entre os responsáveis pelo esquema estão três ex-funcionários da agência do INSS em São Gonçalo. Um deles pediu demissão há 15 anos e dois já morreram.
Pinheiro explicou que a criação dos beneficiários fictícios ocorreu entre 1983 e 1994, antes da informatização do órgão. A partir daí, o grupo passou a se preocupar em fazer alterações na data de nascimento registrada no INSS, para não levantar suspeitas em função da idade.
“Identificamos um outro servidor, que foi cooptado mais tarde, e também seria preso, mas faleceu em 2009. Um dos papéis dele era alterar a data de nascimento dos segurados fictícios, porque, se há 30 anos [quando o esquema foi montado], o beneficiário fantasma tinha 70 anos, ele hoje teria 100. Então eles iam alterando a data de nascimento, para que o beneficiário ‘nunca morresse’ e o benefício não fosse encerrado pelo motivo da idade”, explicou.
Ao todo, a Polícia Federal identificou a fraude em 340 benefícios ativos e cerca de 100 inativos. O delegado também enfatizou a ousadia da quadrilha ao acessar a Justiça, com documentos falsos, para tentar reativar os benefícios que, por motivos diversos, haviam sido cancelados pelo INSS.
Pinheiro não confirmou se o esquema também envolve magistrados, mas disse que há advogados e servidores da ativa sendo investigados. De acordo com o delegado, os envolvidos podem ser condenados pelos crimes de estelionato, formação de quadrilha e falsificação de documento.
A coordenadora operacional da Assessoria de Pesquisas Estratégicas do INSS, Neusa Campos, garantiu que a informatização do órgão eliminou a possibilidade de ocorrerem fraudes nesses moldes. “Essas fraudes são muito antigas. Hoje o sistema não permitiria esse tipo de concessão”, disse.
Ela destacou que, embora a irregularidade tenha tido origem na agência de São Gonçalo, a equipe de inteligência do INSS vai intensificar o monitoramento na concessão de benefícios para identificar possíveis ocorrências em outras localidades no país.
Além dos mandados de prisão, a Polícia Federal cumpriu 30 de busca e apreensão. Os agentes encontraram R$ 53 mil em uma residência e R$ 20 mil em outra, além de cartões de beneficiários fantasmas e diversos documentos falsos.