O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Mauricio Tolmasquim, defendeu hoje (2) a possibilidade de construir usinas hidrelétricas e com desenvolvimento econômico aliado à sustentabilidade.
“A hidrelétrica pode ser um elemento de desenvolvimento local e de preservação”, destacou Tolmasquim, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional. “[Elas] geram energia barata e praticamente não emite gases do efeito estufa, que são os principais gases causadores das mudanças climáticas”, completou.
Tolmasquim defendeu, porém, a obrigatoriedade de se manter as reservas naturais e de recuperar as matas ciliares como fundamental para a construção das usinas.
De acordo com Tolmasquim, o Brasil é hoje o terceiro país em potencial hidrelétrico a ser explorado, fica atrás somente da China e da Rússia. Do potencial hidrelétrico brasileiro, apenas um terço foi explorado. Apesar disso, Tolmasquim defende que o Brasil não deve deixar de investir em energia nuclear, pois é preciso manter a competência tecnológica. “Daqui 20 anos, o potencial hidrelétrico vai diminuir bastante”, disse. Para ele é importante também investir em outros tipos de energia, “o Brasil tem um potencial grande em energia eólica, mas ela não irá substituir a hidrelétrica.”
Sobre as pessoas atingidas pelas as construções e que precisam ser deslocadas, Tolmasquim informa que as hidrelétricas construídas atualmente têm reservatórios menores. “Podemos dar como exemplo a Usina de Três Gargantas na China, a maior usina do mundo deslocou um milhão de pessoas, a Usina de Belo Monte deslocará apenas 4 mil famílias”, afirmou.
Ele explica ainda que grande parte das pessoas que serão atingida pela Belo Monte vivem em condições degradantes, em áreas que são inundadas com frequência. “A usina dará a essas pessoas moradias dignas, em casas de alvenaria, com rede de esgoto e tratamento de água.”
Para a assessora política do Movimento Xingu Vivo Renata Pinheiro, na prática não é assim. “O número de famílias que será atingido pela Usina de Belo Monte está sendo subestimado. Os moradores já estão sendo pressionados a sair de suas terras e o processo de negociação está sendo feitos individualmente”, afirma Renata. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos locais atingidos pela usina, vivem 45 mil pessoas.
Segundo Renata, se for contabilizar os impactos ambientais e sociais, energia de usina não é barata. “É preciso investir mais em outras fontes de energia renováveis como a eólica”, defendeu ela.