Mais famílias continuaram chegando hoje (23) na Fazenda Santo Henrique, ocupada desde ontem (22) por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A fazenda é localizada em Borebi, perto do município de Iaras, na região de Bauru, no interior paulista.
De acordo com a integrante do MST, Judite Santos, entre 450 e 500 pessoas estão decididas a permanecer por tempo indeterminado no local, uma área de 2,6 mil hectares onde a empresa Cutrale cultiva pés de laranja.
O ato faz parte da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária do MST que ocorre em vários estados e em Brasília. O mesmo local foi alvo de invasão em 2009, mas, diferentemente da vez anterior, nessa manifestação não houve depredações à casa-sede e nem destruição das plantações.
O grupo está acampado e, apesar de ter enfrentado a presença de policiais militares e de seguranças, o clima é pacífico e os colonos continuam em suas barracas, segundo relatou Judite. A trabalhadora rural justifica que a instalação da fazenda é ilegal já que integra um conjunto de fazendas do Grupo Colonial Monção, programa do governo federal de l909, quando a União comprou vários imóveis rurais para distribuir aos trabalhadores imigrantes.
“Além de chamar a atenção para o uso indevido de terras públicas, queremos denunciar o uso abusivo de agrotóxicos em lavouras como essa da Cutrale e de outras produções de alimentos”, completou a integrante do movimento.
Por meio de nota, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) confirmou que as terras foram ocupadas irregularmente e informou que está tentando reavê-las para fins de reforma agrária.
Também por meio de um comunicado, a Cutrale se defendeu, argumentando ter a posse legal do imóvel “que gera centenas de empregos diretos, apresenta alta produtividade, o que resulta em benefício para toda a região”. Pela manhã, a assessoria de imprensa da empresa informou que os advogados da companhia trabalhavam no preparo de um recurso judicial para solicitar a reintegração de posse.