Ao participar do lançamento da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 para brasileiras que vivem no exterior, o ministro interino da Justiça, Luiz Paulo Barreto, disse hoje (25) que a ferramenta vai ajudar a combater o tráfico de pessoas.
Durante a cerimônia, ele lembrou que, até a década de 80, o Brasil sempre hospedou um grande contingente de estrangeiros, mas que, daí em diante, a lógica se inverteu. Atualmente, 4 milhões de brasileiros vivem fora do país – o dobro do total de estrangeiros vivendo no Brasil. “É preciso estender os direitos”, disse, ao se referir a brasileiras no exterior em situação de fragilidade e vulnerabilidade.
Barreto avaliou que, mesmo após a criação de um departamento dentro do Ministério das Relações Exteriores para atender esse tipo de vítima no exterior, muitas mulheres ainda têm receio de procurar o consulado. “Muitas vezes, elas chegam ao consulado, há uma fila grande de pessoas e elas desistem”, explicou. “Se o medo de denunciar existe no Brasil, imagine o quanto ele é maior lá fora”.
A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, destacou que a data de lançamento do Ligue 180 para brasileiras que vivem no exterior marca o Dia Internacional da Não Violência contra as Mulheres.
“Fora do Brasil, as mulheres se sentem muito mais desamparadas, longe das famílias, com a barreira da língua. Precisam que o Estado brasileiro dê a proteção necessária”, disse.
“Muitas deixam aqui filhos, filhas, pais que dependem do dinheiro que ela vai enviar e, lá, não têm acesso à saúde, aos direitos trabalhistas – e ainda são vitimizadas”, completou.
Iriny avaliou o Ligue 180 como um serviço de credibilidade, já que mantém o sigilo de quem denuncia. As ligações, mesmo no exterior, podem ser feitas a cobrar, de telefones públicos, celulares e telefones fixos.
Inicialmente, apenas brasileiras que vivem na Espanha, na Itália e em Portugal terão cobertura do serviço.
“Esse é mais um instrumento para reduzir a violência praticada contra as mulheres. É mais um passo até o dia em que pudermos dizer que zeramos a violência contra as mulheres – dentro e fora das fronteiras brasileiras”, avaliou a ministra.