O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, admitiu hoje (16) que, em Manguinhos, zona norte da capital fluminense, traficantes estão expulsando proprietários de imóveis construídos por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ameaçando recenseadores e manipulando o sorteio de unidades habitacionais na região.

“A gente ainda tem lá [em Manguinhos] problemas seríssimos de desmando, em função de o Poder Público não estar plenamente lá”, disse Cabral explicando que a situação foi semelhante no Complexo do Alemão e na Rocinha, até a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nessas comunidades.

Sérgio Cabral garantiu a instalação de uma UPP em Manguinhos, mas não deu previsão de data. “Só posso garantir uma UPP, que é a que instalaremos amanhã no Vidigal [zona sul do Rio de Janeiro]. A UPP necessita de uma série de ações preliminares e um conceito do qual não abrimos mão, que são os policiais novos nessas unidades. É importante que sejam policiais novos, que entrem em um outro momento de convivência da polícia com a comunidade”, explicou o governador.

Até que o processo de pacificação comece, Cabral destacou que o governo está desenvolvendo ações de inteligência na região e identificando moradores, criminosos e imóveis incluídos no esquema. Em junho, será instalada a chamada “cidade da Polícia Civil”, entre Manguinhos e a comunidade do Jacarezinho, reunindo todas as especialidades da polícia, de acordo com informações do governador. “Isso vai com certeza contribuir para ações efetivas de combate à criminalidade na região”, avaliou Cabral.

As declarações foram dadas depois da inauguração de 192 apartamentos do PAC em Bonsucesso, no Complexo do Alemão, que devem atender 700 pessoas da comunidade. As unidades, com 42 metros quadrados, são divididas em dois quartos, sala, cozinha, banheiro e, em algumas delas, varanda.

A empregada doméstica Josefa Ramos da Conceição de Farias empurrava a cadeira de rodas do neto, emocionada por ter sido uma das sorteadas. “Não esperei muito não. Achei que não vinha [a entrega das chaves].” Desde que ouviu a promessa de um novo imóvel, Josefa aguardou menos de um ano e, agora, já planeja como dividir o novo espaço com o marido, a filha e o neto. A família vai deixar no passado uma casa onde os quatro conviviam espalhados por uma única sala. “A casa não era boa. Estava caindo e com cupim. Bom é este castelo que ganhei”, comemorou.

Desde o início da construção de unidades habitacionais, pelo PAC, já foram entregues mais de 1,3 mil apartamentos no Complexo do Alemão.