Um estudo divulgado nesta terça-feira, 27, pelo Banco Central mostra que os brasileiros passaram a utilizar mais os meios de pagamentos eletrônicos em 2010. O número de transações com cartões de crédito chegou a 3,3 bilhões no ano passado, enquanto a função débito atingiu 2,8 bilhões de operações. Os crescimentos, de 18,1% e 20,4% – respectivamente -, superam com folga as expansões de emissões e ativações dos cartões.

Segundo a autoridade monetária, apesar da quantidade de operações nos cartões de crédito superar as feitas com o uso de cartões de débito, a segunda modalidade teve maior crescimento na quantidade média de transações em 2010. “Vale lembrar que o cartão de débito é mais eficiente e menos custoso ao estabelecimento comercial, seja em função das diferenças entre os prazos de liquidação da transação, seja em função das taxas de desconto”, afirma o documento.

O adendo estatístico também aponta que o uso de cartões de crédito e débito no País cresceu em 2010, mas a concentração excessiva nesse mercado continuou no ano passado. O número de cartões de crédito emitidos no País em 2010 superou em 11,7% a marca existente ao fim de 2009, chegando a 175,4 milhões. Da mesma forma, a quantidade de cartões que se encontravam ativos naquele período somava 87,9 milhões, com expansão de 12,8% em relação ao ano anterior.

O relatório publicado hoje também mostra que, ao fim de 2010, havia 223,5 milhões de cartões de débito emitidos no Brasil. A expansão dessa modalidade, no entanto, foi de apenas 1,2% no ano passado, bem inferior à média anual de 6% de crescimento verificada entre 2006 e 2009. Mas, mesmo sem um grande volume de novas emissões líquidas, o número de cartões de débito ativos cresceu 7,3% em 2010, chegando a 77 milhões.

Lucros

O estudo mostra que as empresas do setor aumentaram seus lucros em 45% em 2010. De acordo com a autoridade monetária, os dez maiores emissores do setor elevaram sua fatia de lucro de 94% para 98% entre 2009 e o ano passado.

E o aumento da lucratividade das empresas veio principalmente da queda de 7% na inadimplência dos usuários. Já os gastos dos emissores com programas de recompensa – como milhagens – foi apenas de 0,2% do montante de seus lucros, mas 20% do volume das receitas vindas das tarifas de anuidade.

“Deve-se lembrar que, na crise financeira mundial, foram os emissores os mais afetados, posto que a eles coube arcar com os custos de inadimplência dos portadores de cartões de crédito”, acrescenta o documento do BC.

Concentração persistiu

Os dados com essa defasagem de um ano foram divulgados hoje como um adendo ao Relatório sobre a Indústria de Cartões de Pagamentos, divulgado pela autoridade monetária ainda em maio do ano passado. O documento mostrava a acentuada concentração de mercado nesse setor, criticada na época com veemência pelo BC e o Ministério da Justiça.

O relatório foi uma das bases consideradas para medidas como o fim do monopólio do credenciamento de cartões em julho de 2010 e a aprovação de novas regras para o setor pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em novembro do ano passado.

No entanto, o adendo mostra que a concentração de mercado na emissão continuou praticamente inalterada em 2010. A fatia nas mãos de Visa e MasterCard chegou a crescer, passando de 82%, ao fim de 2009, para 83% em 2010. A concentração do mercado de credenciamento também persistiu no ano passado. Essa parte do negócio de cartões é dominada pela Cielo e pela Redecard.