O pai do menino de 9 anos que morreu em um acidente envolvendo um jet ski no domingo (26) em uma represa em Ribeirão Pires, no ABC, disse em entrevista ao jornalista César Tralli que só pilotou o equipamento para satisfazer o filho. O menino estava em uma boia que era puxada pelo pai no jet ski. A criança morreu depois que o bote bateu em uma pilastra de uma ponte na represa. A entrevista foi exibida no Bom Dia São Paulo desta quarta-feira (29).

“Ele queria ir de qualquer maneira. Alguma coisa pedia que eu não fosse, mas eu atendi o pedido dele”, afirmou Antonio Edvan Moreira de Carvalho, pai de Mitchill Guilherme Pereira de Carvalho, que morreu no acidente. “Eu não queria fazer aquilo, não queria puxar ele, mas ele insistiu. Às vezes você vai fazer o gosto do filho e acaba fazendo uma besteira sem saber.”

 

“Se pudesse retroceder no tempo, ou ainda que pudesse avançar, eu avançaria pra passar essa fase”, disse o pai. Ele e a mulher estão hospedados na casa de parentes em Praia Grande, na Baixada Santista. Uma alternativa para tentar superar a perda do filho.

Segundo o casal, o menino adorava água, e insistiu pelo passeio. Carvalho arranjou um bote e um jet ski emprestados. Ele contou que tinha andado no equipamento apenas uma vez antes, e admitiu que tinha noção de que era necessário ter habilitação para pilotar o equipamento em praias. “Se eu falar que eu sabia que tinha que usar em represa, essas coisas assim, eu estou mentindo.”

No jet ski, Carvalho amarrou uma corda para puxar o bote inflável com o filho e um primo a bordo. Ele contou que não estava em alta velocidade, e que tinha bebido meia lata de cerveja.

A diversão durou menos de dez minutos. O acidente aconteceu quando a família passava sob uma ponte que corta a represa. “Eu acredito que tenha sido a marola do outro jet, que tinha passado no sentido contrário. eu acredito que tenha sido isso”, afirmou o pai.

O bote bateu em uma das pilastras. “Eu vi bater, o meu sobrinho caiu para fora da boia e ele [o filho] ficou caído dentro do bote. Eu liguei o jet ski de novo, voltei, puxei ele para cima do jet ski e o meu sobrinho, tomei rumo à margem, coloquei ele no carro e nós fomos pro hospital. O coração dele batia, mas ele não resistiu”, contou o pai, emocionado.

Antonio foi iniciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, mas disse que não haverá punição maior do que já se sentir em um cárcere de remorso e culpa. Ele chegou a ser preso, mas pagou fiança. Carvalho não tinha habilitação para guiar o equipamento.