Em comparação com a região amazônica, os indígenas de Mato Grosso do Sul dispõem de áreas bastante pequenas, superpovoadas e próximas a centros urbanos.

A maioria das terras indígenas do Estado foi demarcada entre os anos de 1915 e 1928, quase todas com áreas inferiores a 3.000 hectares. Na época, o governo previa que os indígenas seriam assimilados e desapareceriam como grupo étnico. Mas não foi o que ocorreu.

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Atualmente, os terenas, com uma população de 28 mil índios em Mato Grosso do Sul, têm apenas sete reservas exclusivas à etnia, que, somadas, chegam a cerca de 20 mil hectares, de acordo com os dados da Funai.

Já o produtor rural e ex-deputado estadual tucano Ricardo Bacha, cuja fazenda Buriti foi palco de confronto entre terenas e policiais na semana passada, tem cerca de 6.300 hectares, dos quais 800 hectares estão em litígio.

A situação mais grave é a da reserva de Dourados, onde, em apenas 3.475 hectares, vivem 14 mil índios guaranis-caiovás. A densidade demográfica ali é de 403 habitantes por km², quatro vezes maior do que a de Campo Grande, capital e maior cidade sul-mato-grossense, com 97 habitantes por km².

Em todo o Mato Grosso do Sul, onde vive a segunda maior população indígena, com 73 mil pessoas, são 601 mil hectares regularizados. A maioria dessas aldeias está na periferia de cidades, enquanto os sem-terra vivem de forma mais precária em acampamentos à beira de estradas ou são migrantes em centros urbanos.

Em comparação: o Parque do Xingu, criado em 1961 no vizinho Mato Grosso, tem atualmente 2,6 milhões de hectares para uma população de 4,8 mil indígenas.

MIGRAÇÃO

A falta de espaço, e consequentemente, de oportunidades econômicas, é um dos fatores que levam os indígenas a migrarem.

Em Mato Grosso do Sul, são quase 16 mil índios vivendo fora de terras indígenas, segundo o Censo de 2010. No Brasil, os terenas são o grupo étnico com a maior população longe de aldeias, 9.600.

Embora tenha uma população menor do que em Mato Grosso do Sul, as terras indígenas dos Estados do Sul do país também têm áreas mais reduzidas do que as da Amazônia e costumam ser de demarcação mais antiga.