RIO – Os argentinos acampados no Sambódromo e no Terreirão do Samba devem deixar o local até esta quarta-feira. De acordo com a Empresa de Turismo do Município do Rio, a Riotur, os torcedores serão comunicados ao longo desta segunda-feira que deverão deixar os espaços cedidos. Nesta manhã, os muros do Sambódromo foram pichados com ofensas aos Brasil e ao Pelé.

A festa acabou para os hermanos, e a realidade está voltando aos poucos. Enquanto alguns partem, outros estão arrumando as malas. Alguns deles até pedem R$ 1 a curiosos que passam pelo local. Apesar do céu azul, o dia não está muito bonito para eles que estão cabisbaixos. Desde as 5h desta segunda-feira, os torcedores que acamparam o Terreirão do Samba e na Praça da Apoteose, abasteceram o porta-malas dos ônibus e carros para a longa viagem de volta para casa.

Da Rodoviária Novo Rio, pelo menos 36 ônibus devem sair com destino a Argentina. O movimento no terminal, segundo a concessionária responsável, começou às 7h, mas a maioria das saídas estão previstas a partir das 15h. As partidas serão de cinco em cinco minutos até as 16h50m. A Novo Rio firmou uma parceria com o Consulado da Argentina, que estará na rodoviária para atendimento aos hermanos.

A experiência dos torcedores no Rio, apesar de nada confortável, não tirou a vontade de voltar um dia, nem que seja para uma viagem mais curta, sem Copa do Mundo, para aproveitar os pontos turísticos.

Às 6h, o casal Ernesto Luques e Victoria Medina já estava pronto para partir. O ônibus estava estacionado, mas ainda aguardavam a chegada de outras duas pessoas que não cumpriram o horário marcado. Inicialmente, o ônibus daria partida às 23h de domingo.

Hermanos guardam seus pertences para deixar o Rio – Guilherme Leporace / Agência O Globo

— Foi uma experiência muito bonita que, com certeza, nos deixou com vontade de voltar — disse Victoria, aguardando a saída do ônibus, ainda sem previsão de horário.

Outros quatro amigos, que também chegaram apenas para curtir a festa da final, já estavam com o bagageiro abastecido. Essa foi a primeira vez do grupo no Rio, mas sem tempo de conhecer a cidade.

— Chegamos há dois dias e não conseguimos conhecer o melhor que o Rio tem. Vamos planejar uma nova viagem e voltar para, principalmente, desfrutar das praias — contou Juan Carlos, de 56 anos, enquanto fechava o porta-malas do carro.

Para alguns argentinos, a vida normal vai voltando aos poucos. O casal Hebe Recalde e Federico Cavallero se despediu da Copa e do Rio, mas a próxima parada é Costa do Sauípe, na Bahia. Em cenário carioca, a experiência para eles foi inesquecível.

— Nos sentimos em casa. Foi uma experiência perfeita. Estaremos de volta numa próxima oportunidade.

Argentinos que acamparam no Terreirão começam a viagem de volta – Guilherme Leporace / Agência O Globo

Durante a madrugada, a maioria, dos cerca de 70 mil que se instalaram aqui, preferiu dormir e esperar o nascer do sol para resolver as últimas pendências e seguir viagem.

Em Copacabana, o clima ainda era intenso no início da madrugada, apesar do título perdido. Entretanto, o panorama era diferente do que podia ser visto na madrugada de domingo, que antecedeu a partida final. Antes, enormes bandeiras com mensagens de apoio aos jogadores estavam espalhadas pela Avenida Atlântica, movimento que não foi encontrado pós-jogo. Embora a Alemanha tenha garantido o tetracampeonato, alguns argentinos insistiram em aproveitar a noite carioca – a última da temporada. A maioria, porém, preferiu recuperar o sono perdido e dormia dentro dos carros ao longo da Avenida Atlântica.

As amigas Jéssica Pantano, de 27 anos; e Jenifer Rodriguez, de 23, chegaram ao meio-dia deste domingo ao Rio. Elas saíram da Província de Entre Ríos, situada ao Norte da Província de Buenos Aires, para assistir à final no clima da arena Fifa Fan Fest, em Copacabana. O ônibus com outras 38 pessoas de várias regiões da Argentina, estava estacionado na orla com previsão de saída às 5h desta segunda-feira. A sensação de vitória não poderia estar entre eles, mas a felicidade ainda dominava, já que chegaram à final.

— Merecíamos ganhar. Fizemos um jogo muito bonito. Mas, estamos felizes por ter chegado à final. Acho que nenhum argentino esperava isso, tendo em vista as outras edições — declarou Jéssica, que vestia a camisa argentina com sorriso no rosto.

As delegacias da Zona Sul receberam vários registros de perda e/ou roubo de documentos. As vítimas, em sua maioria, eram argentinos que participaram da festa em Copacabana, onde também houve registros de brigas e confusões após a partida final.

ACAMPAMENTOS PERMANECEM MONTADOS NO TERREIRÃO E NA APOTEOSE

Nos acampamentos do Terreirão e na Praça da Apoteose, os turistas não desarmaram as barracas. Mas, a churrasqueira que era acionada todos os dias já não tinha mais brasa. A madrugada foi de sono, principalmente, para quem precisava ter atenção ao volante na volta para casa. A segurança no entorno está reforçada por policiais do Batalhão de Choque e guardas municipais, que devem pedir reforço, caso a saída dos argentinos prejudique o trânsito no Centro do Rio, na manhã desta segunda-feira.