Passada a euforia das festas de fim de ano, das compras de Natal com parcelas a perder de vista e das viagens de férias com família, o consumidor volta à rotina e se depara com uma série de obrigações tributárias como IPTU, IPVA – além de outros compromissos como compras de material escolar e o pagamento de seguros. E se essas contas não forem bem administradas, podem causar sérios prejuízos ao bolso. Além disso, há sempre aquela dúvida: devo pagar os impostos a vista ou parcelá-los ao longo do ano?
Para os especialistas do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e do portal Meu Bolso Feliz, não existe uma fórmula mágica para evitar o aperto no bolso. A decisão de sair do vermelho ou então de se manter financeiramente no azul, requer disciplina tanto na hora de traçar o planejamento das contas domésticas quanto na hora de conter os gastos supérfluos.
“O volume de despesas em janeiro e fevereiro é grande e por isso, a palavra-chave é organização. O planejamento é essencial para que o consumidor saiba para onde e o quanto está gastando de dinheiro. A primeira coisa a se fazer é listar todas as despesas fixas ou ocasionais e avaliar quais são prioritárias – incluindo as prestações de Natal −, seja pela proximidade de vencimento do boleto ou pelo juro mais alto. Sem esquecer é claro, das contas essenciais para o funcionamento da casa, como luz, água, telefone e supermercado”, orienta a economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
IPTU e IPVA: A VISTA OU A PRAZO? Segundo os especialistas do SPC Brasil, para o consumidor decidir se vai pagar o IPTU e o IPVA a vista ou parcelado é preciso calcular se o desconto obtido no pagamento das contas a vista é maior do que o valor que esse dinheiro renderia caso estivesse em alguma aplicação financeira. “Vale lembrar que o consumidor tem que ter disciplina para não gastar o dinheiro reservado para pagar as contas com compras supérfluas”, alerta a economista.
Na maior parte das regiões do Brasil, é oferecida a opção de pagar o IPVA em quota única − com desconto em torno de 5% sobre o valor total do imposto – ou em, no máximo, quatro parcelas, mas sem qualquer desconto.
No caso do IPTU, a maioria das secretarias de Fazenda do país oferece descontos para pagamentos a vista em torno de 4 e 7%. Por conta dos valores mais altos, no entanto, os prazos de parcelamento são um pouco mais estendidos: a quantidade de parcelas oferecidas ao contribuinte pode chegar até dez vezes, porém sem qualquer desconto.
TENHO DINHEIRO – “O consumidor que guardou parte do décimo terceiro salário ou fez uma reserva mensal de seus rendimentos e possui dinheiro em conta corrente ou na poupança em geral tem vantagem em pagar os compromissos a vista e aproveitar os descontos oferecidos”, afirma Kawauti. A vantagem, segundo a economista, acontece porque na maioria dos casos os descontos oferecidos superam o rendimento da maioria das aplicações financeiras.
TENHO DINHEIRO, MAS ESTÁ APLICADO – Para quem tem dinheiro aplicado em modalidades como CDB ou outros fundos, a economista do SPC Brasil explica que é necessário fazer contas para descobrir se o resgate vale a pena. Para alguns casos específicos é necessário levar em conta os impostos cobrados. Também é preciso considerar em qual tipo de investimento que o seu dinheiro está aplicado. “Se o dinheiro está aplicado numa previdência, por exemplo, que tem caráter de longo prazo, o resgate precoce pode levar a um pagamento de imposto de renda maior, o que pode anular o benefício do desconto. Por fim, vale ficar de olho na carência do instrumento em que o fundo está investido”, explica a economista.
NÃO TENHO DINHEIRO – “Já quem não tem dinheiro guardado ou não tem o valor total para pagamento a vista deve inevitavelmente pagar a prazo e iniciar um planejamento desde já para conseguir honrar os pagamentos”, orienta a economista. Mas se essa for a sua escolha, fica a dica: se atenha ao plano de pagamentos mensais porque o atraso nas parcelas incorre em pagamento de juros.
A sugestão dos especialistas do SPC Brasil é que para os próximos anos, o consumidor vá separando todo mês um determinado valor para quitar esses compromissos de início de ano. “O ideal é que ele faça uma pequena economia mensal em uma conta poupança separada. Assim o consumidor não cai na tentação de gastar o dinheiro com outras finalidades”, garante a economista. Além de tudo, vale lembrar que os gastos de início do ano são sempre previsíveis, ou seja, dá para se planejar ao longo do ano para começar o novo ciclo com mais tranquilidade.