Empresas brasileiras signatárias dos Princípios de Empoderamento das Mulheres no mercado de trabalho reuniram-se hoje (24), em São Paulo, para debater questões que envolvem a igualdade de gêneros no universo empresarial. Os princípios foram elaborados pela Organização das Nações Unidas (ONU), integrando o Pacto Global, e contam com a adesão de 900 corporações pelo mundo. No Brasil, 73 empresas aderiram à proposta e nove estão em etapa final de formalização.
Segundo Nadine Gasman, representante da ONU para mulheres, as empresas signatárias buscam estratégias para a criação de iniciativas transformadoras. “Os anos demonstram que, no Brasil, tem um aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho, mas ainda tem um desequilíbrio na questão salarial, como no resto do mundo. Há um aumento das mulheres entrando na força de trabalho, mas, na parte da liderança, ainda tem desequilíbrio”, declarou.
O problema não é exclusivo do Brasil, de acordo com ela. “Em nenhum país do mundo há equilíbrio. Mas você tem uma situação no Brasil, em que você tem, por um lado, a cultura machista, e por outro, uma cultura racista, como acontece em muitos países. Tem uma população afro-descendente que precisa de ações centradas não somente no sexismo, mas também no racismo”, explica.
Denise Hills, vice-presidente da Rede Brasileira do Pacto Global, acredita que os princípios devem ser observados, principalmente, em empresas nas quais a questão de gênero tem grande relevância. “Em segmentos da economia como bancos você tem 50% ou 60% de mulheres em cargos até níveis gerenciais e, provavelmente, menos de 10% em níveis de comitês executivos e CEOs [sigla em inglês para Chief Executive Officer ou, simplesmente, diretor-geral]. Como você pode acelerar o crescimento de mulheres em cargos de decisão? Existem programas de empoderamento e de como promover o empreendedorismo para a mulher, que são importantes. A grande agenda que a gente tem no Brasil é como acelerar essa questão”, disse Denise, que também é superintendente de Sustentabilidade do Banco Itaú.
Paulino Hashimoto, gerente de Cultura e Valores da empresa Whirlpool, que produz eletrodomésticos e é signatária dos princípios, conta que a preocupação com a igualdade de gêneros vem aumentando na fábrica, que tem 15 mil funcionários. “Temos um plano de ação que [a empresa] começa agora, de fato, a executar, em grande parte baseado nos sete princípios. A questão salarial, a gente tem que investigar, mas numa primeira leitura, acho que a gente está tranquilo. Se tem [disparidade], a gente tem que corrigir. A liderança [pelas mulheres], estamos fazendo crescer”, disse ele.