A presidente chilena, Michelle Bachelet, estimou nesta quinta-feira que a reconstrução do país demorará ao menos de 3 anos a 4 anos, depois do forte terremoto de magnitude 8,8 e uma série de tsunamis que devastaram o país no último sábado (27).

“Acredito que praticamente todo o próximo governo ou pelo menos três anos. É um terremoto devastador”, disse Bachelet à rádio local ADN.

O tremor deixou ao menos 802 mortos e danos milionários à região do centro-sul do Chile.

Nesta quarta-feira, a presidente Bachelet chorou ao falar da tragédia e reconheceu que o tremor causou dano generalizado ao setor produtivo, afetando duramente as infraestruturas, agricultura, comércio, turismo, mineração, indústria e construção.

Helicópteros, lanchas e equipes de socorro continuam à procura de sobreviventes. “Tenho a impressão de que vai haver mais mortos”, disse Bachelet com a voz embargada a uma rádio.

Cinco dias após o terremoto, o governo investe na entrega da ajuda humanitária que chega de diversos países.

“A rede de distribuição está operativa e o grosso da ajuda começa a chegar”, disse Carmen Fernández, diretora do Escritório Nacional de Emergências (Onemi, na sigla em espanhol).

Segundo o subsecretário de Interior, Patricio Rosende, o Chile distribuiu 8.174 toneladas de ajuda para os afetados pelo terremoto.

Outras 174 toneladas serão levadas por via aérea e terrestre nesta quinta-feira e 700 toneladas adicionais chegarão por via marítima nas embarcações da Marinha.

Segundo o Onemi, 201.325 refeições quentes foram entregues.

Caos

Concepción, a 500 km de Santiago e com cerca de 500 mil habitantes, transformou-se em um símbolo da tragédia. A falta de ajuda nos primeiros dias após o tremor provocou saques e pilhagens e obrigou a rápida militarização da cidades, além de um toque de recolher de 18 horas.

Os moradores, assustados com as réplicas constantes, só podem sair de casa do meio-dia às 18h, sempre sob forte vigilância.

A situação de desespero se aliviou nesta quarta-feira, quando toneladas de suprimentos começaram a ser repartidas em pontos específicos e casa por casa.

Alguns supermercados também reabriram suas portas e viram grandes filas por mercadorias. “O que estiver ao alcance dos braços, o que puderem comprar, Não corram. Vão entrar de 15 em 15”, disse um funcionário do supermercado, explicando que ninguém usará carrinhos para as compras.

Fuga

Moradores das cidades costeiras, a maioria dos quais vive dos lucros da pesca, fugiram para as montanhas e não querem mais voltar para suas casas –apesar da falta de comida e água.

Eles temem que mais tsunamis atinjam o país diante das constantes e fortes réplicas que seguiram o terremoto do último sábado.

As réplicas causam pânico em vilarejos de pescadores e cidades costeiras nesta quarta-feira, levando ainda mais pessoas a fugir diante de novo alerta de tsunami.

O bispo católico Carlos Pellegrin, que supervisiona mais de 30 localidades na Província de Nucle, disse que ao menos oito pequenas comunidades e duas cidades foram abandonadas.

Pellegrin disse que os bombeiros estão levando água e suprimentos até os acampamentos improvisados, mas a ajuda ainda é insuficiente.

Vítimas

O número de mortos no terremoto subiu para 802, informou nesta quarta-feira à noite o Onemi. Rosende disse ainda que o número de desaparecidos continua em 19.

A região de Maule foi a que registrou mais mortes. No entanto, corpos também foram recolhidos nas localidades de Bío-Bío, O’Higgins –na região metropolitana de Santiago–, Valparaíso e Araucanía.

Rosende afirmou que o número de mortos pode aumentar, mas não deu detalhes sobre as vítimas fatais de acordo com cada região afetada pelo tremor.