A uma semana da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã, o governo do presidente iraniano, Mahomoud Ahmadinejad, atacou os Estados Unidos e os países que defendem as sanções por causa de seu programa nuclear. O embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, negou hoje (7) a existência de produção de bombas atômicas em seu país. Segundo ele, os esforços de Ahmadinejad são pelo direito de desenvolver um tecnologia destinada a fins pacíficos de energia nuclear.
“Ao nos acusar [de produzir armas atômicas], esses países ocidentais estão colocando como significado de energia atômica a bomba atômica”, afirmou o embaixador em entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira em Brasília. “O Irã não tem bomba atômica nem vai produzir bomba atômica. Energia nuclear é uma tecnologia, um avanço na ciência humana, que vamos usar com objetivo pacífico e humanitário.”
De acordo com o diplomata, o governo Ahmadinejad se dispõe a trocar urânio levemente enriquecido por combustível para os reatores nucleares. No entanto, exige duas condições: que o processo se desenvolva paralelamente e não em duas etapas, assim como que o local a ser utiilizado para a operação seja em território iraniano.
“O Irã propõe que o local para a troca seja no nosso país mesmo. Nós temos duas condições – que a troca seja feita ao mesmo tempo. Nós precisamos para isso de garantias concretas. Se essa primeira condição for resolvida, a segunda condição – que é o local”, pode ser solucionada”, disse o embaixador.
Segundo ele, os ocidentais devem dar as garantias de que a troca será feita nos termos acordados. “Estamos dispostos a atuar para a troca do urânio. Mas os ocidentais têm de demonstrar a sinceridade deles. Quando o Irã perceber sinceridade do lado ocidental, esse assunto é fácil de ser resolvido”, disse ele. Em seguida, foi contundente: “O Irã não se inclina frente à imposição, mas diante de um diálogo com justiça e legal”.
O embaixador evitou confirmar que o Brasil poderia servir como um território depositário para o enriquecimento do urânio do Irã. Segundo ele, esse tema só poderá ser aprofundado depois da reunião entre Lula e Ahmadinejad, na semana que vem, em Teerã.
Lula estará em Teerã entre os dias 15 e 17 de maio. De acordo com o diplomata, a visita do presidente brasileiro é histórica. Ele não poupou elogios a Lula. De acordo com Shaterzadeh, a visita ao Irã é um marco político, o fim do bipolarismo nas relações políticas e comerciais na comunidade internacional, com o Brasil ocupando uma posição privilegiada.
“A viagem do presidente Lula é histórica e tem grande importância. Nós estamos agora vivendo uma nova era no mundo, que é o fim do período de bipolarismo, pois com a ‘morte’ do [ex-presidente George] Bush assistimos ao fim do bipolarismo. Agora, começamos o período do multilateralismo, tendo a participação de países como o Brasil, Irã, a China e Índia”, disse o embaixador.