Os conflitos políticos e a discriminação religiosa e cultural obrigaram jovens da Palestina e do Irã a usar rotas aéreas mais longas para chegar ao Brasil. Eles vieram participar de eventos paralelos ao 3º Fórum da Aliança de Civilizações da Organização das Nações Unidas (ONU), que se realiza de hoje (27) a sábado (29) no Rio de Janeiro.

No encontro, jovens ligados a organizações não governamentais de mais de 60 países começaram o debate justamente abordando as questões religiosa e política. Muitos contaram que levaram até dois dias para chegar ao Brasil, porque tiveram o visto negado para entrar em países onde predominam religiões diferentes das suas.

Outra situação discriminatória relatada pelos jovens é a falta de acesso à educação, cultura e a novas tecnologias para quem vive em países em desenvolvimento. Segundo a coordenadora do programa destinado a jovens da Aliança de Civilizações, Isabelle Le Gare, esse problema atinge mais de 80% de jovens de 15 a 24 anos que moram em países ainda não globalizados. Por isso, conforme explicou, a questão está sendo tratada como prioridade.

Isabelle informou que no final do Evento da Juventude será elaborado um documento a ser entregue aos lideres internacionais, cuja reunião está marcada para amanhã (28). “Nossas recomendações serão basicamente visando a melhorar a convivência entre culturas e religiões diferentes e o uso das novas mídias como ferramentas para engajamento social.”

Para o estudante equatoriano Juan Loaiza, que mora no Rio de Janeiro há dez anos, o Brasil deve ser um exemplo para o mundo sobre a convivência pacífica cultural e religiosa. Ele participou ontem (26), junto com cerca de 150 jovens de pelo menos 65 países, de uma caminhada pelas ruas da Sociedade de Amigos e Adjacências da Rua da Alfândega (Saara), no centro do Rio. Na região funcionam lojas comerciais de imigrantes de vários países.

“A realização deste encontro no Brasil é muito positiva porque aqui se pode conviver sem problemas culturais ou religiosas. Então, vamos aproveitar para analisar a situação de outros países e tentar chegar a um consenso sobre como encaminhar os problemas enfrentados em outros lugares”, disse o estudante.